Fim do Senai

No começo da década de 70, teve início o desmonte da malha ferroviária no país. Isso foi o maior pesadelo que Bicas tem até hoje. Nossa cidade vivia praticamente em função da Leopoldina, com quase mil empregos diretos e mais duas escolas ligadas à Rede Ferroviária: Liceu e o Senai. O Liceu era uma escola de ensino fundamental de ótima qualidade, exclusiva para filhos ou parentes de ferroviários e foi extinta praticamente junto com o Senai.

Minha turma do Senai (formandos de 1971), foi uma das últimas a passar por lá. Me lembro que quando entrei existia uma placa antiga comemorativa dos vinte e cinco anos da escola. Todos os meus irmãos passaram pelos crivos dos grandes professores e formadores de cidadãos que lá existiam.

Para ser aluno do Senai, era preciso passar por uma prova eliminatória (como se dizia na época). Quando eu fiz a prova, por exemplo, se inscreveram mais de cem candidatos para disputar as vinte e cinco vagas fixas. Era sempre assim, vinham interessados de várias cidades. Aqueles que, como eu, tiveram o privilégio de passar por lá, puderam usufruir do que havia de melhor no ensino técnico, como marcenaria, ajustagem, tornearia, ferraria e caldeiraria, além do curso de desenho técnico

Quem assimilou todo o ensinamento, certamente, não precisa hoje de antidepressivo. Com todo esse cabedal, ainda recebíamos meio salário mínimo por mês, com carteira assinada e tudo. Foi uma perda sem tamanho para nossa querida cidade… Bicas infeliz.