Família propõe à Funalfa doação do acervo de Zé Kodak, da Banda Daki

Processo ainda está na fase de tramitação burocrática para formalizar a doação; intenção dos familiares é expor o material guardado pelo General da Banda, morto em 2021, ao público

Por Júlio Black
24/04/2022 às 07h00

Material está guardado no apartamento que pertencia a Zé Kodak, um dos fundadores da Banda Daki (Foto: Fernando Priamo)

José Carlos Passos, o Zé Kodak, General da Banda Daki, morreu em 27 de fevereiro de 2021 e deixou o carnaval de Juiz de Fora sem um de seus maiores nomes e sinônimos para a folia. Ele, porém, não será esquecido: além das homenagens que deve receber no próximo desfile do bloco que ajudou a criar em 1972, em 2023, já está sendo feita pelo menos mais uma movimentação para que seu legado não se perca com o tempo.

A família do folião e empresário – dono de uma das mais conhecidas lojas de fotos e equipamentos fotográficos da cidade – entrou em contato com a Funalfa para doar o acervo que Zé Kodak mantinha em seu apartamento, no Centro da Cidade. Segundo o empresário Luís Gustavo Passos, que assumiu a administração das lojas após a morte do tio, eles entraram em contato com a Funalfa há pouco mais de dois meses com a proposta de doar as fantasias, camisas do bloco, arquivos digitais, fotografias, recortes de reportagens, chapéus usados pelo General, placas com homenagens, troféus e um boneco confeccionado para homenageá-lo, entre outros itens, para que seja montado um espaço em que todas as peças pudessem ficar expostas para o público.

“Conversamos com a Giane (Elisa Sales de Almeida, diretora geral da Funalfa) e ela foi super prestativa. Foi lá ver o acervo do Zé, conversamos e ela pediu para esperar porque, por causa da pandemia, precisava de um tempo para ver onde poderia colocar o acervo em exposição”, explica Luís Gustavo. “Ela reconhece que o acervo é muito importante para a história do carnaval da cidade.”

Ainda segundo o sobrinho de Zé Kodak, seu tio tinha demonstrado o desejo de ter um espaço para expor sua memorabilia – mas que não fosse apenas da Banda Daki, mas do carnaval de Juiz de Fora. “A Prefeitura tem a responsabilidade de manter isso vivo”, acredita. “Meu tio estava começando a organizar o acervo, o Zé chegou a alugar um imóvel para organizar esse material, mas aí ele morreu e tivemos que devolver o imóvel, e guardamos no apartamento em que ele morava, ocupa um cômodo inteiro. Vamos ajudar a organizar tudo quando for feita a doação.”

Patrimônio cultural

Luís Gustavo conta que ele vai uma vez por mês até o apartamento que pertencia a Zé Kodak para ver como está a conservação do acervo. “Está tudo bem acondicionado, só precisamos organizar mesmo, fazer uma triagem e uma linha do tempo. Ver esse material e lembrar tudo que ele fez é a melhor parte, pois só vemos coisas boas ali. Era a época do ano (do carnaval e da Banda Daki) em ele que ficava mais alegre e empolgado, pois achava que era super importante pra cidade.”

O empresário falou, ainda, da importância de se preservar esse material e deixá-lo acessível para a população. “É importante para a história da cidade e para os mais jovens conhecerem esse passado, para não cair no esquecimento. É fundamental ter um espaço para as coisas importantes para a história de Juiz de Fora.”

Irmã de Zé Kodak, Lourdes Passos diz que não foi mais ao apartamento desde a morte do General da Banda. “Não tenho condições de olhar o apartamento dele, mas a família quer doar todo esse material para a Funalfa fazer uma exposição, pois o que temos lá é um patrimônio cultural. Ele era uma pessoa que tinha um bloco que era do povo, então é preciso ter um espaço para guardar essas coisas. Ele gostaria muito que as coisas da Banda estivessem ao alcance do público”, afirma.

Funalfa

Procurada pela Tribuna, a Funalfa confirmou que recebeu a proposta de doação, mas ressaltou que existe uma tramitação burocrática para oficializar a ação. Por isso, por enquanto a proposta é encarada como possibilidade, e não um fato, e por isso mesmo a diretora geral Giane Elisa, mesmo sendo uma entusiasta do carnaval, prefere aguardar para falar a respeito.

Fonte: Tribuna de Minas