Façam suas apostas
Na juventude, lá pelos idos dos anos 70, uma diversão preferida da nossa turma era jogar sinuca. Bicas tinha vários bares com mesas de bilhar, mas nosso point era o Bar do Aduba, que ficava ali na esquina da subida da rua do Café, perto da linha do trem.
A freguesia era seleta: bastava ter grana e saber manusear o taco. Fins de semanas, as mesas ficavam sempre lotadas e muita gente esperando a vez para jogar. Me lembro de seis mesas e uma de bilhar francês (carambola)… As melhores sempre eram ocupadas pelos “cobrões” e aquelas com descaídas e panos mais velhos eram para os “patos”.
O time titular era composto por: Pinguim, Messias do Lalau, Horácio Machado, Tião Liberato e mais uns cinco ou seis que serviam para engrossar o caldo pois, apesar de jogarem bem, eram mais coadjuvantes e tinham grana, porque as apostas eram altas.
No jogo de “vida”, que era o mais popular, quando a disputa era forte, nossa torcida era sempre para o Pinguim, mais pela técnica, simpatia e, também, por que, vez por outra, quando ele ganhava, patrocinava as noitadas para nós que sempre terminava na Tia Rita.
Aduba sempre presente guardava os melhores tacos, talco e giz para eles. Assim a jogatina rolava solta. Lá pelas tantas, quando diminuía o movimento nas mesas, fechava-se as portas da frente abria-se uma nos fundos, que dava acesso ao improvisado cassino… Era quando começava a chegar a nova clientela.
Nós, os durangos, ficávamos só sapeando pois, com o cacife alto, não tínhamos nenhuma chance. Um dia a polícia deu uma batida e o cassino estava cheio. Apareceu uma saída de emergência que dava para o córrego. Foi um corre-corre danado. Ninguém foi preso, mas teve gente que ficou com um cheirinho nada bom. No outro dia, Aduba prestou depoimento e logo foi liberado… Bicas jogando.