Estripulias

O ser humano geralmente passa por várias fases, isso prova que a Teoria do Darwin, descrita em “A Evolução das Espécies”, é verdadeira!

Repare na sua própria trajetória e perceba que até pouco tempo você foi adolescente, você foi capaz de cometer diversas travessuras e nem sabia o por quê.

Charles Bário, evolucionista de plantão e chegado numa estripulia, sempre foi acometido de participar das mais absurdas situações. Sempre do lado das pequenas e inocentes transgressões.

Na escola, não era de “matar aula”, porém atrapalhava bastante a vida dos professores. Perguntas fora do contexto, jogando bolinha de papel na cabeça de algum caxião, escondendo material escolar de algum aluno, colando chicletes no cabelo de alguém,  fazendo barulhos indesejáveis e mais um punhado de travessuras…

Alguns professores tentavam conter o “estripuliante” convidando-o a sentar na primeira fila. Ledo engano… O danado ficava mais tempo olhando pra trás, mexendo com alguém ou remedando o professor, ou seja, só estripulias!

Às vezes, convidado a se retirar do recinto e passar uns apertos na sala da diretoria… nisso,  quase que imediatamente, arrumava um jeito de incomodar a tranquilidade do ambiente. Essas coisas nascem com você e vão até o sepultamento da pessoa.

Foi por essas e por outras que surgiu aquele famoso ditado popular, que diz: “Pau que nasce torto, morre torto! ” Bota torto nisso…

Geralmente, o cidadão que é acometido pela síndrome da travessura genética ou sujeito a cometer estripulias nos horários mais fora de hora e lugar, só faz amizades com pessoas consideradas pela sociedade como maus elementos.

Esses maus elementos, que foram objeto de crônica em tempos passados, são pessoas de família regular ou tradicional, com alto potencial incorporado de fazer sempre o contrário do convencional.

Na verdade, quem gosta de estripulias, recebe altas doses de serotonina, quando está prestes a participar de algum tipo de travessura. Essas travessuras podem ser assistidas ou ocultas. As estripulias assistidas ou com plateia são bastantes apreciadas pelo travesso e seus colegas maus elementos. Têm que ser muito bem elaboradas… Os erros podem ser fatais…

As estripulias ocultas ou secretas requerem muita experiência dessas pessoas, pois o resultado não pode ser divulgado imediatamente…  Quando descobrirem, o melhor é estar bem longe do local.

Nessas alturas, muita gente vai estar na sua captura.

As estripulias consideradas mais bem-feitas são aquelas que causam grande rebuliço, principalmente, entre garçons e organizadores de um evento qualquer.

Imagine-se em um coquetel chic, onde a pessoa mais esperada seja um político famoso e você o interrompe sem nenhuma cerimônia alugando-o, com mão no ombro, soprando blasfêmias no ouvinte do cidadão. Durante alguns minutos, com alguma história mirabolante, a galera boca livre fica perplexa ou hipnotizada, querendo saber quem é caboclo tão cheio de intimidade com a celebridade. Nessas alturas, o homenageado, sem saber se você é uma “raridade da mídia”, um blogueiro da hora e que ele não se lembra no momento.

No final, o simpático, tem que ser rápido, ágil e muito cara de pau, sumindo do recinto sem deixar rastros, pois seguranças estão sendo acionados pra sumir com a sua pessoa!

O problema da estripulia é que se o estimulante pra você, provavelmente, é muito inconveniente pro’s demais…

Nem toda estripulia tem que ser sinônimo de travessura ou inconveniências produzidas pelo indivíduo reincidente. A estripulia pode ser entendida de várias formas: apreciar um bom restaurante a “la carte”, sorver generosas doses de bebidas alcoólicas, viajar para lugares diversos, vestir-se bem, enxugar-se com toalhas felpudas, apreciar belas espécies femininas, cometer pequenas transgressões, ou seja, querer as coisas boas dessa vida o tempo todo!

Gostar de estripulias é viver numa linha tênue entre a mesmice do politicamente correto e a inusitada perspectiva do incorretamente anormal!