Entrevista com o jogador Carlos Alberto Machado, o Carlinhos
O jogo mais importante de sua carreira?
“Todos foram importantes, não me esqueci de nenhum. De maior expressão, cito dois: Pequeriense, em 91(interno de Maripá, campeão depois de 23 anos sem títulos) e 92, pelo Operário, depois de 45 anos da última conquista de título municipal. É maravilhoso entrar para história desses dois clubes. Digo que todos foram importantes, mas, em 91 foi fantástico, pois, disputei por três times e fui tricampeão. Atalanta (Mar de Espanha), Pequeri e União de Roça Grande, sendo que no Pequeri e União fiz os 2 gols do título. Obs: joguei no dia 07.09 pelo União e no dia 08.09 pelo Pequeri.”
Hoje eu acabei com o jogo. Qual partida você terminou com este sentimento?
“Se me permite, citarei quatro jogos. Em 84, Biquense 4×0 Operário, fiz os quatro gols, sendo um de bicicleta. Em 92, semifinal em dois jogos contra o Botafogo. No primeiro, campo do Operário, empate em 3×3, marquei os três gols. No jogo, de volta, campo do Botafogo, vencemos por 3×1, fiz dois e o Aírton”calovit” marcou um. Detalhe: o segundo gol foi em uma cobrança de falta, numa distância de 20 a 25 metros do gol adversário. Foi um “pombo sem asas”, onde o saudoso Geraldo Magela apelidou-me de “Homem Bomba”, fazendo até uma comparação com o Nelinho do Cruzeiro (não foi pra tanto, mas gostei). O goleiro era, nada mais nada menos, o Geraldinho. Quando saí para comemorar vi três senhores, de tanta alegria, correndo como crianças. Eram, Anísio, Parreira e Jiló. Foi sensacional. E, por último, o primeiro jogo da final, no campo do Mangueira, Guarani 0x2 Operário, onde fiz os dois gols. Mas, o destaque foi o Jaiminho que defendeu dois pênaltis. Depois, empatamos o segundo jogo, gol do Tarcísio, e fomos campeões.”
Qual jogador lhe tirava o sono antes das partidas? Por ser muito bom ou desleal.
“Sempre respeitei todos, pois, eram grandes jogadores. Me preparava fisicamente para tentar vencê-los, e, na maioria dos jogos, conseguia ser diferenciado. Sempre fui bem marcado, mas nunca de forma desleal. Na maioria dos jogos, os goleiros pediam para não fazer faltas nas proximidades da área, porque sabiam do risco de levar gols nas cobranças.”
Participou de jogo que tenha ocorrido um fato engraçado?
“Sim. Eu jogava pelo Rochedo, sentia dores na região lombar e resolvi colocar éter no local. Quando fui ver, era mercúrio. Tive que ir para o vestiário me lavar e também lavar o short.”
Qual o melhor jogador para formar dupla de ataque?
“ Em todos os clubes tive bons companheiros de ataque. Nada a reclamar, somente a agradecer.”
Um árbitro, um técnico e um dirigente.
“ Luiz Quirino de Freitas dispensa comentários. Técnicos foram vários: Damião (Santa Helena), Ozório Guarnieri (Biquense), Moacir Toledo, Augusto Clemente, Sebastião Leônidas (Tupi), Ricardo Uruguaio (Aymorés) e Betinho (Operário). Dirigentes: Paulo César (Biquense) e o insubstituível Anísio Estevão (Operário).”
Melhor jogador de sua época? Pode ser mais de um.
“Como atuei em vários clubes, com ótimos jogadores, e ter feitos muitos amigos, em respeito a todos, vou ficar em família e escolher meus três irmãos: Edinho, Russo e Cláudio. Formamos um quarteto Bom de Bola.
Títulos conquistados –
“ 85, campeão do interior (Tupi); 91, Atalanta, Pequeri e União; 92, Operário F.C. (artilheiro do campeonato); 1999/2000, campeão pelo Barcelona (interno de Bicas); 2000, campeão regional pelo Biquense. Categoria Máster, 2001, E.C. Serrariense; 2002, tricampeão pelo União Roça Grande; 2004, Pequeriense (Regional de Três Rios) e 2006 Copa da Amizade, em Além Paraíba. Encerrei minha carreira em 22 de maio de 2011.
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por tudo que ele fez por mim no futebol, principalmente, no profissional, que foram quatro anos, o tempo que, com certeza, determinado por Ele. A todos os clubes pelos quais joguei, ao Nilo, que me incentivou a fazer esta reportagem. Parabenizo ao Nei Medina pela brilhante ideia de resgatar a história de jogadores que de alguma maneira colaboraram com o futebol da região.
Fonte: jornal No Giro da Bola, no 32, de São João Nepomuceno