Entrevero no galinheiro

Do lado do chiqueiro ficava o galinheiro da minha casa. Era comum naquela época ter criação no quintal, principalmente, para ajudar na alimentação da prole. Minha casa tinha um quintal enorme. Havia horta, mandiocal, pés de café, jabuticabeiras e outras frutíferas… Meu pai e minha mãe estavam dando uma reforma no galinheiro. Sempre faziam isso para manter os galináceos produzindo bem.

Ele dava caiação nas paredes, e minha mãe ajeitava os ninhos e os poleiros. Dona Ana exclamou solertemente: “A carijozinha está querendo chocar novamente!” João Belo, aproveitou e encaixou: “Amanhã o Uricão vai me trazer uns ovos azuis que encomendei lá de Ponte Nova”. “Deus me livre… E se nascer pintinhos com três pés?”, rebateu ela. Meu pai deu um sorriso maroto e entendeu a brincadeira, mas respondeu: “Calma, são ovos normais de galinha… Só as cascas que são azuis e, vai ser bom para renovar nosso galinheiro”.

Minha mãe devolveu o sorriso, e com um pequeno jacá nas mãos, acertou o lugar para mais um ninho… Quando estavam terminando os trabalhos, meu pai disse que precisava resolver a situação do galo legorne, pois ele já estava velho demais para cumprir seu papel.

Minha mãe disse que era melhor dar o galo para a Dona Ciloca fazer uma panelada. Não convinha comer o próprio galo do terreiro, pois daria azar e traria desgraças. Era costume essa troca com os vizinhos, quando o galo principal chegava ao fim da linha.

Pouco tempo depois nasceu uma ninhada com dez pintinhos e a carijozinha cuidava com muito esmero de todos que tinham os pés normais… Bicas cacarejando.