Enchente na rua do Brejo
Debaixo de relâmpagos e trovoadas, estávamos jogando nossa peladinha costumeira no campinho. Não demorou muito para cair o maior toró… Corremos e nos escondemos na varanda da casa do Neném Brasinha, que ficava ali na esquina, perto do portão da Cooperativa.
Rapidamente o córrego começou a aumentar de volume, transformando em um rio. Nisso, Neném veio chegando com seu cigarrinho de palha na boca e esfregando as mãos e deu uma cutucada: “Não vão embora já não! Faz tempo que não fazemos uma panelada. Daqui a pouco começa a descer a “pataiada” do Cesário”…
A enchente veio e, junto, apareceram os nadadores: Osvaldinho Picolé, Zé Cúgola e os representantes da nossa rua, entre eles, o Formigueiro. A plataforma de salto ficava bem em frente à minha casa. Era o barranco mais alto que havia ali…
A ponte era um gargalo natural, por não dar vazão necessária, ainda por cima, tinha um cano d’água que ficava a um metro de altura do leito normal do córrego, onde vez por outra praticávamos equilibrismo…
Entre um mergulho e outro da turma, começaram a aparecer os patos. Nessa hora, nosso time entrou em campo, quer dizer, fomos para a ponte esperar o produto cesariano. Eu, Miro, Panelão e Gá íamos pegando os patos mais gordos, e os menores deixávamos passar. Nossa cota mínima era de quatro aves. Não era difícil pega-los, porque, na correnteza, eles perdem o controle do nado…
Dentro da casa do Neném, outra parte da equipe já estava na preparação dos pés chatos. Mais tarde saboreamos a “pataiada” com arroz e angu. No outro dia, o sr. Cesário passou perguntando sobre seus patos. Nós fingimos que não sabíamos de nada… Bicas alagada.