Empresa júnior da UFJF faz projeto de galpão para comunidade quilombola

Trabalho da Porte Empresa Jr. levou em conta dificuldades e necessidades da população que faz parte da Colônia do Paiol

Por Gabriel Silva, estagiário sob supervisão do editor Eduardo Valente
11/04/2021 às 07h00

A Porte Empresa Jr., entidade composta por alunos da Faculdade de Engenharia da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), finalizou, neste mês, a construção de um galpão de uso comum para a comunidade quilombola Colônia do Paiol, localizada no município de Bias Fortes. O projeto levou em conta as necessidades econômicas e o fortalecimento da cultura e da história da comunidade, trabalhando soluções nas áreas de Arquitetura, Engenharia Civil, Elétrica e Ambiental.

O trabalho da Porte começou em 2019, quando o professor do Instituto de Ciências Humanas (ICH/UFJF) Leonardo Carneiro apresentou as demandas da Colônia do Paiol para os alunos da empresa júnior. Ao longo dos últimos anos, a comunidade quilombola vinha enfrentando a evasão dos moradores, que viam a necessidade de ir para municípios vizinhos para buscar renda e melhor estrutura. O projeto, então, teria de se preocupar em fomentar as atividades econômicas, o lazer e o aprendizado dentro da comunidade, para que as pessoas não se vissem obrigadas a deixar a localidade, evitando também o enfraquecimento da cultura e da história locais.

“A comunidade tinha o objetivo de conseguir um local onde eles tivessem uma forma de ter um sustento”, resume o membro da Porte Empresa Jr., Thiago Squizzatto. A população da Colônia do Paiol almejava um local com um espaço de convívio para receber visitantes, além de uma cozinha para fazer alimentos para venda. A iniciativa vai ao encontro da ideia de o local se tornar um ponto turístico, aproveitando a localização da comunidade, que é próxima do distrito de Conceição do Ibitipoca, em Lima Duarte.

A empresa universitária fez o gerenciamento e o acompanhamento da construção, dando preferência para a mão de obra do município de Bias Fortes, como forma de movimentar a economia local e gerar renda para toda a comunidade. A Porte também fez a compra de materiais, a fiscalização da qualidade e do tempo de execução das técnicas construtivas e das instalações em todas as etapas, além de atuar pela otimização do uso de materiais. A execução do projeto teve a parceria da empresa Cesar & Moreira Engenharia.

Apesar de ter uma verba destinada ao projeto, as condições de execução da obra – iniciada em 2019, mas atrasada devido à pandemia – fizeram o trabalho ser ainda mais desafiador para a empresa júnior. “A comunidade tinha um orçamento, mas que não cobria a obra completa. A gente entendia que seria muito desafiador porque a comunidade é muito afastada, para levar material era complicado e a obra teria custos altos. O dinheiro que nós recebemos foi mais para cobrir os gastos do que para ter um lucro”, afirma Squizzatto.

Valorização da história local

O projeto da Porte também cumpre a função de tentar fomentar a cultura da Colônia do Paiol, que existe desde o século XIX. Os primeiros moradores da comunidade eram oriundos de grandes fazendas de cultivo de café. Atualmente, o povoado é composto por cerca de 250 famílias.

Estudante de Engenharia Civil na UFJF e membro da Porte Empresa Jr., Patrick Farinati foi um dos alunos envolvidos no processo de projeção e execução do novo galpão da Colônia do Paiol. Em conversa com a Tribuna, ele lembrou a importância social do trabalho realizado pela empresa universitária. “Trabalhar na Colônia do Paiol foi um período de grande aprendizado, não só pela responsabilidade técnica, mas também pela responsabilização social atrelada a ele. Desde o início, realizamos contato direto com a comunidade para desenvolvermos projetos totalmente personalizados e que se enquadrassem na realidade deles”, conta Farinati.

O acadêmico também celebrou a importância da experiência prática, fundamental para os futuros profissionais. “Participar da materialização dos projetos realizados por nós mesmos, além de lidar com as adversidades que surgiam durante o processo foram experiências únicas para toda empresa. Além disso, conseguimos colocar em prática os conteúdos teóricos vistos em sala de aula. Foi fundamental para assimilar todos esses conteúdos e contribuir com a nossa formação como engenheiros e arquitetos”, avalia.

Fonte: Tribuna de Minas