‘Ela queria ir na festa para brincar’, diz mãe de criança que morreu no atropelamento do Torneio Leiteiro, em Juiz de Fora; nova audiência foi realizada nesta quarta

Por Maria Elisa Diniz, TV Integração — Juiz de Fora
 

Jaqueline Peters, mãe da Helena de 3 anos que morreu no acidente — Foto: Maria Elisa Diniz/TV Integração

“Ela queria ir na festa para poder brincar”, disse Jaqueline Peters, mãe de Helena, de 3 anos, que morreu após ser atropelada durante o Torneio Leiteiro das Campeãs, que resultou na morte de mais duas pessoas em Juiz de Fora, em setembro do ano passado.

As vítimas foram atingidas pelo carro dirigido por Geovani Schaeffer, de 25 anos. Segundo a polícia, ele teria se envolvido em uma briga com desconhecidos, deixado a festa, buscado o carro e entrado no espaço em alta velocidade, atropelando 12 pessoas. A menina chegou a ser socorrida, ficou internada, mas morreu na madrugada do dia 11 de setembro.

Em entrevista à TV Integração nesta quarta-feira (9), dia da segunda audiência de instrução e julgamento, Jaqueline disse que espera que a justiça seja feita:

“Seria um acalento ter essa resposta da Justiça, que ele seja criminalizado, julgado e condenado. A gente precisa que ele seja responsabilizado pelo ato que ele fez, para seguir em frente”, contou.

Ao todo, oito pessoas prestaram depoimento na sessão presencial desta quarta, no Fórum Benjamin Colucci. Nesta etapa do processo são coletadas provas e depoimentos para ajudar o juiz a entender os fatos e tomar uma decisão.

Uma nova audiência foi marcada para o dia 21 de outubro, quando Geovani Schaeffer, o réu, também deve ser ouvido.

Ele responde por homicídio triplamente qualificado — três consumados e oito na forma tentada. As qualificadoras são: motivo torpe, recurso que dificulte ou impossibilite a defesa da vítima e a vítima sendo menor de 14 anos.

À TV Integração, o advogado de Geovani informou que o cliente acompanhou a audiência de forma remota, no presídio de Eugenópolis, onde aguarda o julgamento. Já a defesa disse que vai esperar o andamento do processo para se pronunciar.
Helena de Macedo foi uma das vítimas do atropelamento que matou outras duas pessoas — Foto: Arquivo Pessoal

Resumo do caso: veja o que aconteceu

  • Segundo a polícia, o motorista teria se envolvido em uma briga com desconhecidos. Ele, então, deixou a festa, buscou o carro e entrou no espaço em alta velocidade, atropelando quem estava na frente;
  • Ao todo, foram 12 pessoas atropeladas. Dois veículos que estavam estacionados também foram atingidos;
  • Dionizia Marinho Lopes, de 56 anos, morreu na hora;
  • Helena Peters de Macedo, de 3 anos, estava no colo da mulher, foi socorrida, mas morreu na madrugada do dia 11 de setembro;
  • Elear Maria Faião, de 58 anos, que também foi atingida pelo carro, morreu quase 25 dias depois do atropelamento;
  • Após o crime, o motorista foi espancado e socorrido em estado grave. Ele tem passagens criminais por agressão à ex-companheira e por desentendimento familiar;
  • Vítimas e testemunhas do atropelamento foram ouvidas pela Polícia Civil;
  • A hipótese de acidente alegada pela defesa de Geovani foi descartada pela polícia, que afirmou que a tragédia foi intencional;
  • A defesa tentou declará-lo inimputável — pessoas incapazes de discernir os atos. Ele fez o exame de insanidade mental, e o resultado foi negativo, ou seja, nenhum problema de saúde mental foi detectado.

Veja momento em que motorista passa em alta velocidade antes de invadir e atropelar grupo no torneiro leiteiro em Juiz de Fora — Foto: g1