Dia de fúria
A nata da molecada estava brincando na esquina da Cooperativa. Uns jogavam pião, outros, bolinhas de gude, entre aquela movimentação enorme que era rotina todos os dias na Rua do Brejo. Sr. Alberto Moleque vinha com sua caixa de ferramentas no ombro, levou um safanão do Valdir do Cesário, que passou correndo e o jogou ao chão com tudo.
Valdir, nervoso, quando nos viu no seu caminho gritou: sai da frente molecada… Se a Chica me pegar, ela acaba comigo… Enquanto nós acudíamos e ajudávamos a recolher as ferramentas, Francisca, com um cabo de vassouras na mão, esbravejava: “Volta aqui seu vagabundo, que vou te dar um chá de coragem para arranjar um serviço.”
Paulo de Melo e Zédonfre, que eram maquinistas e estavam voltando de viagem, riram de cima da ponte, mais uma vez da mesma cena de sempre… Nesse momento, Revalino teve a infeliz ideia de soltar uma “cabeça de nego” no depósito de lenhas da Cooperativa. Sr. Eurico estava descarregando o leite de sua carroça, na plataforma, e sentiu quando o cavalo assustou com o estrondo…
Pulos, coices, relinchos marcaram o descontrole do animal. Natalino tentou segurar as rédeas e foi pro chão. Vanor gritou: “Saiam da frente que o bicho tá com o diabo no corpo.”
A carroça saiu de ré, bateu no caminhão do Manezinho, arrancou a cerca de arame e foi parar dentro do córrego. Sr. Ismael, com sua calma de sempre, tirou os tamancos dos pés, foi lá e acalmou o cavalo…
Nisso já rolava uma pelada no campinho. Foi quando Dona Guiomar passava com seu balaio cheio de quitutes para abastecer seu barzinho lá na Estação, e Bebete procurava mais um dos seus gatos, perdido ou talvez comido… Bicas fervendo.