Comuníssimo aos comunistas
Ele nasceu em 24 de março de 1932, numa família de pequenos comerciantes judeus, estabelecidos em Erlaa, subúrbio operário de Viena, na Áustria, onde viveu uma infância normal até os seis anos de idade, quando, em 1938 a Áustria foi anexada à Alemanha. Em 1940, juntamente com seus pais e toda sua família, fugindo dos flagelos múltiplos da guerra (violência, morte, fome) e, no seu caso particular, a perseguição aos judeus na Europa, veio para aquela que o receberia, assim como recebe a todos, de braços abertos, ‘A Nossa Pátria Amada e Idolatrada, Brasil’, onde, aliás, já tinha inclusive alguns parentes, estabelecidos em São Paulo.
Ainda jovem, em 1948 – portanto aos 16 anos – já dava mostras de seu ‘perfil’, pois se encontrava no movimento de cunho kibutziano Dror (atual Habonim Dror Brasil), movimento juvenil judaico Sionista-SOCIALISTA, que é parte integrante do Movimento Kibutziano Israelense, maior movimento juvenil judaico não religioso do mundo. Em 1951, com todas as oportunidades que teve na nova Pátria adotiva, formou-se em ‘eletrotécnica’, no ensino médio da Escola Politécnica Getúlio Vargas, de São Paulo, e, mais uma vez, diante das benesses oferecidas por um país em franco desenvolvimento, exerceu sua profissão, na plenitude das oportunidades, entre 1952/1956, em uma fábrica de aparelhos de ar-condicionado, na região do ABC Paulista.
Nesse período, filiou-se ao Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, militando no ‘Movimento Sindical’, e, como tal, “liderou” a ‘histórica’ Greve dos 300 mil, que paralisou “TODA” a INDÚSTRIA paulistana por mais de um mês, em 1953, sem nem mesmo ter a cidadania ‘brasileira’, a qual, ainda assim, obteve em 1954. Tal greve trouxe seríssimos problemas com seus efeitos ‘cascata’, desde o desabastecimento, multas por não cumprimento de prazos com exportação, desemprego frente à incertezas, etc, etc.
Posteriormente, estudou economia na Universidade de São Paulo (USP), ao mesmo tempo em que desenvolvia atividade político-partidária no “Partido Socialista Brasileiro” (PSB). Graduado em 1959, no mesmo ano participou do lançamento da pedra fundamental da ‘POLOP’ – Organização Revolucionária Marxista Política Operária, agremiação-célula, constituída por membros da ala mais à esquerda do PSB, que viria a se constituir, oficialmente, via ‘congresso’ e tudo mais, no começo de 1961. Uma praga, que não por acaso, viria a embrionar todas as demais: Comando de Libertação Nacional (Colina), Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), Partido Operário Comunista (POC), Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), Movimento Comunista Revolucionário (MCR), Movimento de Emancipação do Proletariado (MEP), Organização Marxista Proletária (OMP); mas, não parou por aí.
Em 1960, sempre em pleno deleite das facilidades da ‘Mãe Gentil’, já havia iniciado sua atividade como docente na USP, como ‘Professor Assistente’. Em 1966, obteve o grau de doutor em sociologia, com um estudo sobre ‘Desenvolvimento Econômico e seus Desdobramentos Territoriais’. A tese deu origem ao livro “Desenvolvimento Econômico e Evolução Urbana”, sob a orientação do professor Florestan Fernandes.
Também na USP, era ‘Professor-Titular’ na ‘Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade’. Entre 1966/1967, com ‘Bolsa’ cedida pelo Ministro Pedro Aleixo, do então ‘MEC’ dos ‘Sanguinários Militares’, estudou demografia na Universidade Princeton, nos Estados Unidos. Em 1968 apresentou sua tese de livre-docência – Dinâmica Populacional e Desenvolvimento -. Nesse mesmo ano, retoma suas atividades como professor da USP, até ter seus direitos políticos cassados pelo AI-5 e ser aposentado, compulsoriamente, em razão de suas atividades políticas, em 1969.
Ainda assim, mesmo com tudo isso, nesse mesmo ano, participa da fundação do CEBRAP – Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, com várias outras ‘Cabeças Premiadas’ e ‘Excelências Pardas’, pesquisadores e professores expulsos da universidade, como Celso Lafer, Eunice Ribeiro Durham, Fernando Henrique Cardoso, José Arthur Giannotti, Ruth Corrêa Leite Cardoso, Carmen Sylvia Junqueira, Paulo Sandroni, que se constituiu em importante núcleo de oposição ao ‘Regime Militar “Necessário” de Governo’, felizmente vigente no país.
A partir de 1979, voltou à atividade docente, como professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), onde permanece por quatro anos, chegando a ser ‘Chefe’ do Departamento de Economia e ‘Membro’ do Conselho Universitário. Em 1980, já anistiado, fez uma das maiores ingratidões com aquela ‘Pátria’ tão gentil que o acolhera: ajudou a fundar o Partido dos Trabalhadores (PT), ao lado de outros ‘intelectuais(?)’ historicamente ligados à esquerda. No ano seguinte, 1981, integrou a 1ª ‘Diretoria Executiva’ da Fundação Wilson Pinheiro, antecessora da Fundação Perseu Abramo, com o apoio partidário instituído pelo PT.
Atuou no Cebrap, até 1988, quando então foi nomeado Secretário Municipal de Planejamento de São Paulo, durante a gestão de Luiza Erundina (PT), na Prefeitura de São Paulo (1989-1992). Foi também, ‘Secretário Nacional de Economia Solidária’ nos governos dos ex-presidentes Lula (2003-2011) e Dilma (2011-2016).
A exemplo, um filme sobre a trajetória desse personagem deve ser lançado no final de 2018, dirigido por Ugo Giorgetti. Políticos e personalidades lamentaram, na noite de 2ªfeira (16) e, na manhã desta 3ªfeira (17), a morte do Professor, Dr. Paul Israel Singer, aos 86 anos, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde ele estava internado e teve uma infecção generalizada (septicemia). O velório acontece nessa terça-feira, a partir das 09h, no “CEMITÉRIO ISRAELITA” do ‘BUTANTÃ’ – encravado entre a ‘Região’ dos Jardins e o Bairro do Morumbi, uma das mais nobres da capital Paulista, onde o sepultamento ocorrerá às 14h30.
Se não acreditarem, sinto muito, mas minhas mais sinceras condolências à família enlutada, pois toda perda humana é irreparável, porquanto todo ser é único.
Porém…
PS: Notas/Questionamentos/Indagações/ do escriba.
Abandonou a terra natal fugindo da perseguição de dois regimes totalitários – Nazista/Comunista – e aqui na ‘Pátria’ que o acolheu e deu todas as oportunidades, sempre trabalhou em desfavor da Democracia e do Capitalismo. P O R Q U E ?
Por que não se internou em um Hospital Público?
Por que não foi velado no Diretório do PT, ou na Sede do Sindicato dos ‘Metalúrgicos’, ou…
Por que não foi sepultado no ‘Cemitério Público de Villa Matilde’ ou no ‘Cemitério Municipal de Carapicuíba’?
POR QUE?