Com o rabo ardendo

Já estava na hora de ir dar umas voltas, quando escutei aquele assobio característico do Maninho. Olhei pela janela de casa e lá estava ele me esperando com sua atiradeira no pescoço e um embornal cheio de munição. Era a dica para irmos caçar passarinhos. Peguei meus apetrechos e fomos. Chegando no campinho da dona Graciema, na beira do córrego, havíamos gastado quase toda a munição e nada.

Foi quando olhamos para dentro do quintal do sr. Neném e vimos o pé de eugênia carregadinho… Não pensamos duas vezes: entramos cuidadosamente por um buraco que havia na cerca e escondemos atrás das bananeiras para sondar o ambiente. Silenciosamente, subimos na árvore e começamos a colher aquelas gostosuras de casca cor de vinho e polpa branca.

Enchemos nossos embornais, quando, de repente, levei um chuchada na bunda com um bambu e escutei um grito de satisfação: “Peguei vocês seus ladrõezinhos!” Era o dono do quintal.

Nisso, Maninho também recebeu uma bambuzada na perna. Eu com medo disse: “Sr. Neném se o senhor deixar a gente ir embora, prometemos que não entraremos mais aqui”. Ele bravo, replicou: “Conversa fiada… Todos os dias vocês estão aqui enchendo o saco”. Subi lá nas grimpas. Maninho, muito esperto, segurou a ponta do bambu, e eu desci em disparada.

Quando estava perto da cerca, levei uma varada nas costas e fui parar dentro do córrego. Maninho escapou pelo quintal do vizinho e nos encontramos no campinho. Ele estava com a perna sangrando e perdeu a atiradeira. Eu tirei do embornal umas frutas e fomos comendo. Cheguei em casa, fui tomar um banho e tirar as ferpas da bunda… Bicas sacana.