Cola quente de lascar
Dia desses, do nada, lembrei-me de uma ocorrência folclórica, da qual foi protagonista um aluno/biquense, estudante do Instituto Vianna Júnior, de JF, onde também me formei em direito, em 1983. No primeiro ano do meu curso, 1979, rolava a matéria Introdução ao Estudo do Direito, disciplinada pelo professor Paulo Nader. Nossa turma, pra não fugir à regra, tinha vários biquenses. Bola que gira, no primeiro dia de aula, na apresentação dos alunos, Nader contou um caso inusitado, ocorrido anos atrás, com o tal aluno/biquense.
Seguinte…
Dia de prova difícil; no entanto, o aluno/biquense não se abateu, porque tinha levado uma cola e já havia copiado o que lhe interessava. Entrementes, quando se preparava pra devolver a avaliação, foi surpreendido com a mão do mestre, tirando um papelzinho do bolso do blazer que usava… aquele bolsinho, onde o comum é colocar um lencinho. O professor, da mesma forma, depositou a cola no bolso do seu paletó, que também tinha o tradicional bolsinho…
E agora? O aluno/biquense respirou fundo, buscou argumentos em sua cabeça privilegiada, esperou aquele momento de tumulto, em que muitos entregam a prova, ao mesmo tempo, dirigiu-se ao professor, já cruzando os dedos indicador e médio, da mão direita, e argumentou:
“Dr. Paulo, veja bem, o senhor não pode subestimar a minha prova, depois de muito estudar, por causa de um simples papelzinho de anotações bobas do dia a dia. Nada a ver com cola”. Ato contínuo, imitando a mesma ação do professor, em tom de brincadeira, intimidade e descontração, com extrema rapidez e agilidade, enfiou os dedos cruzados no bolso do educador e, sem ninguém perceber, num tique-taque, tirou a cola de lá, entregou-lhe a prova, saindo rapidinho da sala, como se nada tivesse acontecido.
Na aula seguinte, Paulo Nader disse pra turma estar estarrecido com a habilidade de um certo aluno/biquense, que “enfiou a mão no bolso do meu paletó e resgatou um papelzinho, de forma extremamente veloz, sem eu perceber”. Assim sendo, tirou o chapéu pro aluno/biquense e confessou não ter como comprovar que ele tivesse colado na prova, pois não soube o teor do escrito no lembrete.
Conclusão: foi anotado no boletim do aluno/biquense, nota 8, a maior nota daquela histórica e suada prova ‘de lascar’.