Talento e paciência
Já na hora do almoço, meu irmão mais velho chegou à mesa, ainda com cara de sono. Minha mãe pespegou: “Pelo jeito a serenata de ontem rendeu… Você chegou com o dia clareando?” João Lúcio contou que foi a melhor que sua turma fez, pois teve o reforço do amigo José Roque. Minha mãe parou os afazeres, colocou os cotovelos sobre a mesa, pedindo mais detalhes…
Ontem, nos deixou José Roque, mais um grande artista biquense se foi. Com uma voz aveludada, foi barítono do principal elenco do Teatro Municipal do Rio de Janeiro. E olha que quando José chegou por lá, quem era o titular se chamava Paulo Fortes, um barítono respeitado no mundo inteiro, na música erudita.
José Roque, com paciência e técnica, logo foi chamando a atenção do mundo das óperas… Começou com pequenas participações, sempre elogiado pelos colegas, até que um dia substituiu um titular.
Foi quando nunca mais deixou de marcar presença nas grandes óperas daquele palco… João Lúcio contou que: ele, Rubinho, Joel e Renê tiveram a honra de receber na serenata daquela noite, José Roque, que com sua voz espetacular, cantou na janela da casa de Maria dos Anjos “A noite de meu Bem”.
Fez tanto sucesso que até os pais da moça saíram para cumprimentá-lo. Naquele tempo serenata era com “S” maiúsculo… Bicas retribuindo gratidão.