A cachaça

Desculpa de cachaceiro é sempre igual ou parecida: o limão estava passado ou colocaram uma mandinga no meu copo e eu fiquei assim meio estragado …

Até pouco tempo a cachaça era considerada uma bebida de mau gosto, de escravos, bebida de pobre ou bebida de alcoólatras.

Pois bem, essas considerações continuam atuais só que com um pouco mais de sofisticação, um pouco mais de glamour.

Cachaceiro já não é sinônimo de gente bêbada, espaçosa e inconveniente. Cachaceiro é aquele cidadão que bebe socialmente várias pingas e consegue se controlar, porque bebe as boas, as melhores, as produzidas artesanalmente. Não entorna as cabeças ou os rabos, não se embebeda com as químicas, nem com as industrializadas, as de grande produção.

– Por falar nisso, sabe que esse papo me deu uma boa ideia?

O publicitário que teve essa brilhante ideia sacou que às vezes o sujeito que aprecia uma bebida destilada, fermentada ou encorpada, precisa de um motivo pra tomar um trago, precisa de uma desculpa pra jogar uma no pé, precisa de um argumento pra sorver o remédio…

Cachaças produzidas em Minas Gerais sempre foram famosas, pois aqui, no nosso estado, os engenhos de cana são mais que tradicionais, vêm lá do ciclo da cana de açúcar e por isso mesmo são mais apuradas, recebem tratamentos e processos que passam de pai pra filho. Várias gerações.

Sempre escutei falar de cachaça, pinga, da boa, aguardente, caninha, goró, da roça, mé, água que passarim num bebe, alpiste, cajibrina, marvada, remédio, levanta defunto, aperitivo, gólo, etc, porém, depois de muitos anos de estrada é que fui conhecer de perto essa bebida que hoje é sinônimo de bom gosto, de degustação.

Procê ter uma ideia, restaurantes cultuados pela gastronomia nacional, indicação da Quatro Rodas, Circuito do Charme, como o Gosto com Gosto, de Visconde de Mauá (RJ), promovem verdadeiros festivais de cachaça em que comparecem grandes apreciadores e degustadores da tão falada pinga.

Em Belo Horizonte um dos point’s prediletos dos nativos do Curral Del’ Rey é o Mercado Municipal ou Principal, como dizem os mais chegados. E é lá que começou essa febre pelas cachaças de Salinas, do norte de Minas, cachaças produzidas de modo artesanal, envelhecidas em tonéis de umburana ou bálsamo, concebidas a partir de canas colhidas em terrenos áridos, terrenos do Polígono das Secas. Talvez aí esteja o grande segredo pra que todas as pingas daquela região sejam tão famosas e realmente tão saborosas como a Anísio Santiago (antiga Havana), a Lua Cheia, a Salinas, a Boazinha, a Seleta, que ganhou o último festival em Mauá, a Beija Flor, a Meia Lua, etc.

Aqui na Zona da Mata também existem pingas de boa leva e as melhores que já provei são as de Itamarati de Minas. Lá as fazendas são centenárias, terra de engenhos de cana e fabricação de açúcar mascavo, melado e rapadura, sendo portanto, lugar de cachaças de primeira qualidade.

Um scoth também pega muito bem pra quem gosta, tipo cowboy ou com gelo, com água mineral ou amarula, porém vejo que a cachaça vem ganhado espaço tanto pelo preço quanto pela qualidade, e qualidade se mede pela falta de ressaca, né não?

Portanto, meu amigo, você que gosta de tomar seus drinquezinhos, aprecia um teor alcoólico ou simplesmente bebe, aproveite até o último gole, mas não precisa exterminar com o estoque existente.

Beba moderadamente…

Praga

Viajar acredito ser o sonho de consumo de grande parte da população. Até daqueles que ainda acreditam nos partidos de esquerda do Brasil.

Eu faço parte da grande parte da população e nunca acreditei na esquerda muito festiva desse país.

Nasci com esse sonho de consumo, ou melhor: sonhar é de esquerda e consumir é da direita, é capitalismo puro. Quer dizer: sou um sonhador capitalista com dinheiro contado!

Praga é a capital da República Tcheca, ex-Tchecoslováquia (antigo império Austro-Húngaro), que foi subdividida em 2 países: República Tcheca e Eslováquia.

Sem querer entrar no mérito do regime político, a motivação dessa divisão foi justamente pelo fato de a atual República Tcheca, em revolução pacifica liderada por Václav Havel, preferir um mundo mais real, capitalista…

Bela escolha de uma cidade que, apesar de estar no fogo cruzado da 2ª Grande Guerra, passou ilesa não sofrendo destruição de sua magnifica e maravilhosa arquitetura.

Existem pacotes prontos de viagens para a Europa Oriental do tipo Praga, Viena e Budapeste que devem ser ótimos, já que essas 3 belíssimas e civilizadas cidades são milenares, super conservadas,  além de europeias.

Grande problema pra quem tá no Brasil querendo dar uns bordejos naquelas bandas é que não há voos diretos do Rio ou São Paulo para lá. Tem a cansativa e demorada escala. São de 10h a 12h até Paris, Amsterdam ou Berlim e troca de aviões até o destino final.

Recentemente,  resolvemos, Vitória, Mariana (filha e intérprete) e eu, encarar até Praga via Amsterdam. Depois de mais ou menos um ano de preparação (juntar euros, definir datas, passagens aéreas, hotéis e nos inteirar bastante sobre o local), partimos pra uma nova e sensacional aventura turística.

Vida de turista é boa, porém não tem moleza não. Primeiro chegar no Tom Jobim, despachar a bagagem, passar pelos procedimentos de segurança e aguardar a hora do embarque.

A KLM, empresa holandesa é de bom padrão e pontual. Depois de acomodado só resta uma saída: relaxe…

O bom da viagem é quando, finalmente, depois de passar outra vez pelos procedimentos de imigração e conseguir pegar as malas chegar no hotel. Principalmente, se o hotel atender as expectativas: camas confortáveis, banheiro decente, localização, etc.

Sair caminhando sem rumo com um mapa na mão em direção as atrações principais das cidades já é uma experiência única pois essas cidades medievais e ao mesmo tempo modernas e seguras são fantásticas em cada rua, beco, praças, arquitetura de ficar de boca aberta, lojas, bares, cafés, pessoas de todo lugar do planeta, bondes elétricos sobre trilhos silenciosos e coloridos…

De repente a Ponte Carlos IV, em arcos de pedra, sobre o Rio Moldava, abarrotada de pessoas, músicos, ambulantes, performáticos, japas, asiáticos e africanos. Alemães, holandeses, belgas, ingleses e italianos…

Não tem errada, tire fotos, ande sem parar, olhe tudo: igrejas imensas surgem nas ruelas mais improváveis, o calçamento de pedras perfeito e desenhado, fachadas lindas medievais, góticas, clássicas. Chocolates e tortas, cervejas e drinks, tudo ali na sua frente.

Não faça conversão de euro pra real, o nível é outro e não é nada barato em real. É melhor dividir bem a grana por dia e aproveitar.

Foram 5 noites pra ficarem gravadas na memória pelo resto de nossas vidas. Não tem preço almoçar em um restaurante italiano, situado no meio dessa arquitetura maravilhosa, comer uma massa com azeite não filtrado e um vinho tinto, vendo o tempo passar…

Além da belíssima cidade, o que me impressionou muito foi uma super escultura metálica giratória e subdividida, da cabeça de Franz Kafka (escritor de Metamorfose, O Processo e outros livros considerados obras primas da literatura mundial), erguida em uma praça em meio a construções modernas rodeadas pelas construções medievais.

Leves sobre trilhos multicoloridos, passeios de barco, funicular, Cadillac vermelho, estilo Rolls Royce, sem  capota, com direito a chuva improvável sem mais nem menos, feiras e comes (goulash) e bebes (lager)… concertos clássicos nas igrejas, o relógio astronômico de 1410 (estava em reforma durante a nossa visita) e lá vamos nós pra Alemanha… de trem, de média velocidade, Rail Europe… confortável, silencioso e macio, poltronas frontais e mesa central, janelão panorâmico, ar-condicionado, vagão restaurante…seguindo o despoluído e navegável Rio Elba… Cartão postal!!!

Então, Berlin, plana, rica, poderosa, Rio Spree, Portão de Brandemburgo, Esfera.

Só que isso é outra história…

O Grande Pum

“Deve ser extremamente desagradável viver, trabalhar, enfim morar num país onde a imprensa trata como normal um preso condenado ditar as regras políticas e eleitorais enquanto que um ex-militar, ficha limpa, que sofreu um atentado terrorista, hospitalizado, ser tratado como reacionário, extremista e um perigo pra nação…” Bário Mor.

Quem conhece o Diogo Mainardi, cronista e escritor, sabe que ele vem batendo na mesma tecla, há vários anos.

Ele vem alertando o Brasil dos perigos ocultos nos partidos, sindicatos e ONG’S ligados aos movimentos ditos de esquerda.

Eu nunca votei no Lulla! E nem no Collor!

Lembro de muita gente boa que votou e achou que estava fazendo uma boa ação… ledo engano…

Assim que terminou os anos FHC, que, ou bem ou mal colocou ordem no caos financeiro em que o Brasil vivia, mesmo aprovando as medidas monetárias e vivendo numa época de 1,00 U$ = R$1,00, resolveu votar no Grande Pum, resolveu arriscar tudo de novo em nome de “avanços sociais” (MST, bolsas e corrupção). Deu no que deu.

Até hoje, uns e outros querendo justificar aquela falha, aquele voto de mudança de rota, dizem que o primeiro ano do Grande Pum foi bom, foi de crescimento, etc.

Foi uma ova!

Na verdade, foram anos jogados no lixo! Foram anos de gastação desenfreada, de aparelhamento da combalida maquina burocrática federal.

De lá pra cá só houve queima de reservas, do tesouro acumulado, só houve roubalheira e deterioração do que estava pronto.

Invasão de propriedade, liberação de recursos do BNDES para os piores escroques do planeta.

Olhem o estado da Venezuela!

Abram os olhos… Artistas globais cantando Lula lá…. Que porra é essa?

Quem trabalha tem que ficar pagando essa conta interminável desses intelectuais de botequim.

Vejam o que fizeram com as estatais que não puderam ser privatizadas. Só bandidagem!

Agora nova eleição. A imprensa endeusando o Grande Pum. Da cadeia ele manda e desmanda. Sua cela é um entra e sai de pessoas comprometidas com os avanços sociais. A Polícia Federal virou chacota internacional. Como pode um preso condenado por imensuráveis falcatruas ser tratado dessa forma?

E o Supremo? Puta que pariu, como diria Chico Anísio.

O Facchin justificou seu voto que foi o 1 do 6 a 1, concedendo ao Grande Pum o indulto para ser o candidato do PT. Disse na ocasião que a ONU tinha razão de interferir, visto que a opinião internacional sobre mais essa verdade comunista, de que o país estava sendo olhado de soslaio…

Vai tomar no oriti seus felas!

Depois o atentado ao Bolsonaro, líder das pesquisas, apoiado pelas famílias de bem, apoiado pelas pessoas comuns que trabalham dia a dia, cristão, pessoas que clamam por segurança, pessoas que não aguentam mais a bandidagem dos políticos tradicionais…

Afinal quem ganha mais: o homem ou a mulher?

O Brasil se estrepando e os jornalistas preocupadíssimos com o salário das pessoas?

Voltando ao Mainardi, que criou a expressão o GRANDE PUM, creio que em alusão ao Grande Timoneiro, Mao Tsé Tung, que conduziu a China ao que ela é hoje. Aliás lá corrupto pego é morto com tiro na nuca e a família ainda paga a bala gasta!

Aqui, como num final de filme catástrofe, quando a névoa começa a se dissipar, temos essa esperança: o grande pum já não fede nem cheira…

Ficção científica – parte um

Um filme de ficção científica tem o seu lugar, principalmente, quando a trama envolve um certo suspense e o desfecho é imprevisível.

Lembro de um professor de biologia do CAVE, cursinho top de linha dos anos 70/80, que ao comentar as teorias de origem da vida, do universo, etc, sempre mencionava os filmes Planeta dos Macacos, com Charleston Heston, e 2001 Uma Odisseia no Espaço, do mago Stanley Kubrick, baseado no livro de Arthur C. Clarck.

Filmes da década de 70, com pouquíssimos recursos tecnológicos, porém elaborados de maneira brilhante, fundamentalmente o 2001, quando entra em sua fase da estação espacial, com as músicas magnificas de Strauss (Danúbio Azul e Assim Falava Zarathrusta), a segunda com um arranjo jazzístico de Eumir Deodato, de arrepiar.

Por volta de 1982, surgiu o sensacional “cult movie” Blade Runner, com músicas do Vangelis (Evángelos Odysséas Papathanassíu) + o Jon Anderson, do Yes. Uma mistura de progressivo com new age.

Bem, esse papinho todo foi só pra “intirtir” o cidadão e poder falar que ficção científica mesmo é o que se passa no Brasil!

Já dizia o Professor Abramo, que não foi meu professor na escola de engenharia, mas que tive a felicidade de ser seu aluno já na vida profissional, nas perícias judiciais, em que trabalhamos juntos, por diversas vezes. Algumas ele como o perito do juízo e eu como assistente de uma das partes da ação e vice-versa.

Numa dessas, lembro-me  muito bem, ele me dizendo: “Rebouças, advogados as vezes criam situações de demanda que são verdadeiras obras de ficção cientifica! ”

Na verdade, ele queria dizer que uma boa conversa entre as partes, orientados por engenheiros do bem, tudo poderia ser resolvido com pouca despesa…

Bem, nosso país é mais ou menos por aí: muita polêmica, excesso de leis, palavrórios jurisdiquês rebuscados e acrescente nisso um pouco de latim mais lobby político de terceiro mundo e tá pronta a mais fantástica obra de ficção científica nunca antes desenvolvida nesse país!!!

Até pouco tempo atrás os índices educacionais eram baixos, mas com viés de melhoras. Os índices de mortandade infantil eram altos, porém em queda considerável. Índices de vacinação eram modelo para o mundo. O desemprego estava em patamares aceitáveis, a segurança não era um tema preocupante e havia investimento, pequeno, mas havia, em infraestrutura…

Pois eis que surge um partido forjado na ficção científica, um partido com ideias de igualdade do tipo: nós somos mais iguais do que os demais, um partido que tinha como principal meta a ÉTICA!

Pura ficção e muita gente boa embarcou nessa balela populista e anárquica, nessa aventura semi analfabética e retrógrada, nessa lenga lenga de “as elite”, que mais parece um filme sem pé e sem cabeça. Como diria um amigo de longa data: Isso sim é um golpe do João sem braço sem as duas pernas!!!

Olhem a bagunça que está o nosso país, gente! E o que mais me entristece é ver um caboclo como o Chico Buarque, que produziu “Construção” apoiar de peito aberto uma ficção científica do tipo MST, apoiar um Stédile, um Zé Dirceu e outros semi-letrados com sonhos utópicos e totalitários de modelo de governo.

Olhem a Venezuada que se tornou uma zona em pleno Caribe, grande produtora de petróleo ser dizimada por uns elementos de ficção, onde pra comprar um rolo de papel higiênico o cidadão precisa desembolsar cinco quilos de bolívares. Muito mais fácil limpar a bunda com papel moeda, de baixo valor aquisitivo, mas papel!

Olhem o nosso poder judiciário, por que o executivo e o legislativo são puros celuloídes corroídos ou filmes B, que possuem 4 instâncias. Isso sim é a mais completa obra de ficção existente no sistema solar, quiçá no seu buraco negro, como diria Albert Einstein.

Vejam vocês como um sujeito de baixíssimo nível cultural, não afeito ao trabalho, com linguajar chulo e vulgar, mal-intencionado com a coisa pública, por fim julgado e condenado em segunda instância, com mais uma centena de processos escabrosos nas costas, por conduta altamente irregular, querer burlar todas as regras, inclusive um ou dois dos Dez Mandamentos, preso, querer ser novamente o presidente do Brasil!!!???

Gente estou dentro de um filme de ficção científica do tipo Allien ou Prometheus, onde seres extraterrestres, gosmentos e destrutivos querem te comer vivo e em pé!!!

Não é possível que isso que eu ando vendo, lendo e sentido esteja realmente acontecendo. O cara quebrou o país! Viramos chacota! Financiamos bandidos africanos sanguinários!

Estamos trabalhando meio ano pra sustentar uma cambada de pessoas que querem o fim da propriedade, que querem limitar as liberdades, que querem a censura dos meios de comunicação, dizem nas entrelinhas que vão botar fogo nos livros!!!

Só falta o Gilmar soltar o Bum Bum?!?!?!?

Assim como todo filme de ficção no fim sobram apenas o caos… a Terra arrasada… e os que conseguiram se safar foram morar em outro planeta… dizem os futurólogos: sem o Supremo!

O fator paulistano

Uma das coisas boas da vida é viajar. Poder viajar, conhecer outros lugares, sair do cotidiano e sentir saudade de casa.

Alguns lugares são realmente muito bons e vou citar alguns: Campos do Jordão, Monte Verde, Visconde de Mauá, Tiradentes, Petrópolis (e região), Ibitipoca…

Por incrível que pareça, a grande maioria desses lugares está na Serra da Mantiqueira, em áreas protegidas com muito verde, como diria o Hermeto Pascoal. Altitudes acima dos 1000 metros, como é o caso da maioria delas, apenas Petrópolis, com 838m e Tiradentes com 927m, apesar de alguns pontos da Serra do Mar e da Serra de São José apresentarem altitudes de mais de 1.300 metros. Nesse caso basta fazer umas trilhas como é o caso da trilha do carteiro, na Serra de São José.

Em Campos do Jordão, a trilha que te leva a Pedra do Baú passa dentro do Horto Florestal e é simplesmente ótima de caminhar, bem sinalizada com visuais incríveis.

Todas essas quebradas são fantásticas, mas com um grave problema: os preços nas alturas!

Nem sempre foi assim. Até pouco tempo atrás dava para ir nesses locais na alta temporada, conseguir boas pousadas e gastar o justo; porém, hoje em dia, isso mudou. Mudou pra pior. Nessas épocas, tudo fica lotado de gente, muita gente, gente de todo tipo e gente mal-educada.

Monte Verde, que é um distrito de Sapucaia, fica exatamente no “queixo do mapa de Minas”, que tem o formato de uma cara. É uma vila fundada por famílias alemãs, que vieram para o Brasil e iniciaram no local o conceito de chalés, fondues, chocolates, trutas, trilhas, cachoeiras, matas de araucárias…

Por ser próxima de Campos do Jordão, refúgio da classe média e alta de São Paulo, aos poucos foi sendo invadida por paulistanos endinheirados e nem sempre silenciosos ou discretos. Tem se transformado de bucólica e prazerosa em desfile de ricos e novos ricos, nem sempre dispostos a dividir o espaço com outros povos…

Daí em diante, passei a observar que verdadeiros oásis de tranquilidade e descanso passaram a sofrer da competição entre as diversas tribos de paulistanos. Cada um mostrando seu último automóvel de alto padrão, pagando cada vez mais caro pelos artesanatos (Tiradentes que tem móveis de demolição e vários artesanatos de boa qualidade está impraticável pro´s mineiros). Pousadas de categoria simples, com café da manhã sofrível, cobrando diárias de hotéis 5 estrelas. Restaurantes, antes frequentáveis por nós pobres moradores da Zona da Mata, tipo o Atrás da Matriz, Pau de Angu ou o ótimo Tragaluz em Tiradentes, atualmente, só com reserva e o vinho mais barato na casa dos R$100,00…

Visconde de Mauá, ou melhor, nas duas Maringás, a de Minas e a do Rio, cortadas pelo translúcido e pedregoso Rio Preto, onde se concentram as lojinhas, bares e restaurantes, atualmente, vivem inflacionadas de paulistanos e assim os preços sobem em padrões proibitivos, além do barulho proporcionado pela disputa de quem tem mais pra mostrar!

Em Conceição do Ibitipoca aconteceu o mesmo fenômeno: antes aquela vila pacata e de preços razoáveis, passou a ficar intransitável e dolarizada, principalmente, depois que o Samuel, do Skank, mencionou que adorava descansar no vilarejo. Pelo menos o Parque Estadual de Ibitipoca foi contemplado com melhorias e limitação de visitas. Esses Paulistanos não são fáceis…

Petrópolis e região, principalmente Itaipava, muito frequentada por cariocas, não sucumbiu aos paulistanos, ainda. Mesmo por que existe um bairrismo de que Campos do Jordão é melhor ou vice-versa. Balela: cada uma tem seu charme.

Quem não quer fazer nada no Capivari, degustando uma Baden Baden, que fiquei sabendo, já pertence à Ambev?

Quem não quer fazer o mesmo no lounge da Bohemia, que também é da mesma tchurma?

Agora, dar umas voltas na pista de caminhada do Parque de Exposições de Petrópolis, em Itaipava, descer a pé até o Bordeaux, passando pela Empório Maria Maria, escolher um vinho deitado (pode ser um Brunello de Montalcino), fazer sua própria porção de petiscos com granas padanos, patés, jamons e pães fabricação própria, vendo o transitar das figuras… isso não tem preço!!!

Depois disso, só mesmo concluindo com um belo almoço no Farfarelo ou no Clube do Filet!!!

A vaidade

Nunca se pensou tanto no visual, na forma física, nos cabelos, dentes, unhas, bochechas, lábios, seios, celulites e nádegas como agora.

Todo mundo quer ficar cheiroso, quer ter hálito de hortelã, mãos macias e pele sem manchas.

Nessas alturas, vão surgindo todo tipo de cosméticos, plásticas, tinturas, perucas e até xaropes milagrosos, que prometem desde aumento de estatura, passando por recomposição do lacre, a aumento de partes da anatomia, geralmente, utilizadas para a prática da evolução da espécie, ou da pornografia, por exemplo.

Hoje o caboclo com um pouco de dinheiro americano ou europeu pode se internar em algum SPA (Seca Peso Acelerado) e pagar pra passar fome ao lado de outras pessoas famintas e insones com polpudas contas bancárias.

Dentro desses oásis de falta de comida existem os contrabandistas de carboidratos que, por pequenas quantias de dinheiro, conseguem furar o bloqueio imposto pela administração do local e fornecem chocolates, biscoitos e outras guloseimas proibidas.

Na verdade você poderia fazer isso tudo em casa sem gastar tanto, porém você não vai poder falar pros amigos que nunca foi num SPA…

A vaidade, às vezes, pode deixar o sujeito com um jeitinho diferente, um jeitinho moderninho, meio metrossexual. Não por que você faz sexo a metro, nem por que o faz só depois de andar no metrô. Porém, esse seu novo jeitinho pode te levar a ser “cantado” por pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, que tem preferências opostas.

As mulheres sempre foram mais vaidosas e são as principais consumidoras dos produtos estéticos, desde a época das cavernas, com roupas de couro e osso no cabelo.

Eu ainda me lembro, que até lá pela metade do século 20, elas usavam anágua, combinação, pó de arroz, laquê, ruge e espartilho. Hoje, continuam a usar várias coisas chamadas acessórios, procurando sempre valorizar o visual, nem que seja deixando a mostra partes do corpo, outrora desconhecidas dos homens e outros predadores.

Ser vaidoso em alguns casos tornou-se obrigação, em outros, casos médicos e psiquiátricos, casos de polícia ou casos descabidos. A pessoa vai indo e quando se dá conta passa mais tempo em salões de beleza, SPA’s, clínicas rejuvenescedoras e retiros afins, do que no trabalho ou em casa, por exemplo.

Pela manhã, em jejum, malham até molhar a camisa, depois de um bom e relaxante banho de hidro ou ducha, partem pra massagem oriental, ao som de mantras do Homem de Bem, dali direto pro cabeleireiro, manicura, pedicuro, sobrancelha, axilas e virilha; almoço rápido e frugal, etc.

Somente uma limpeza de pele poderá fazer você desmarcar aquele compromisso inadiável ou aquela viagem…

O problema da vaidade é o que acontece geralmente com os políticos, desde vereadores de cidades mínimas até deputados federais, senadores e presidentes.

Como são vaidosos, se comportam como se estivessem numa vitrine. Fazem poses, fazem promessas, fazem de tudo pra ficar com quase tudo e o povo envaidecido acaba esquecido até a próxima aparição.

Vaidade é bom ter, porém demais pode deixar o cidadão neurótico, pode deixar o sujeito cego, pode fazer com que o caboclo vire escravo do seu próprio personagem.

Já pensaram ficar muito vaidoso e ao deitar sentir que além de você tem um vaidosão no mesmo corpo?

E se a cama for estreita?

E se seu pijama for apertadinho?

Portanto, não seja tão vaidoso ao ponto de ficar conversando consigo mesmo, nem se olhando no espelho sem parar, pois se isso estiver acontecendo, das duas uma: ou você incorporou o Narciso e não quer assumir ou então seu jeitão já não é mais o mesmo!

Amilcar prefere as pousadas!