As concessionárias
Acabei de completar 65 anos e 39 de engenharia. Depois de muita luta consegui minha aposentadoria, tendo sido obrigado a abdicar do direito a periculosidade, o que me daria pelo menos 25% na contagem de tempo, e era concedida a todos os engenheiros que, por algum momento, trabalharam na execução de obras.
Na minha vida profissional trabalhei em obras residenciais e também em muitas obras públicas, tais como: muros de arrimo, pontes, escolas, estabelecimentos de saúde e saneamento básico (estações de tratamento, abastecimento de água, drenagem e esgotamento sanitário).
Estive secretário de Obras e Urbanismo de Juiz de Fora, em duas ocasiões, e me orgulho muito de ter participado das obras da 3ª faixa da subida do Bairro Bandeirantes (saída para o bairro Grama… Ubá), duplicação da Avenida Deusdedith Salgado (Cascatinha/Salvaterra), acesso ao Bairro de Lourdes e canalização do Córrego da Facit (Barbosa Laje), dentre outras.
Cheguei ao auge da profissão e da vida, portanto estou mais do que a vontade pra reclamar com razão da incompetência que existe na prestação de serviços praticados por estatais e outras concessionarias espalhadas pelo Brasil afora.
Citando nominalmente cada uma delas temos: COPASA, CEMIG, DNIT, CONCER, ANATEL (Oi, Vivo, Tim, Claro, etc.), ANAC (Aeroportos), CORREIOS, além de mais umas outras 100.
O que acontece no Brasil é inadmissível em outros países menos afortunados, porém civilizados. Os serviços concedidos devem obedecer regras básicas de direitos e deveres dos usuários e principalmente dos concessionários.
Esse é o ponto: existe algum usuário satisfeito ou pelo menos indiferente quanto a qualidade dos produtos ofertados e regiamente compensados nas tarifas que NUNCA atrasam um dia na cobrança e multas automáticas e pesadas pra quem atrasa o pagamento?
Eu não conheço nenhum! De dia falta água e toda hora falta luz. Atualmente a INTERNET é parte da rotina da grande maioria das pessoas. Quem não tá plugado, tá alienado, não consegue resolver os inúmeros problemas de viver na cidade.
A COPASA sempre imprime a conta de água com uma via em branco de coleta de esgotos, por quê? É por que está se armando pra ser a concessionária do esgoto também.
Mas, como se a grande maioria dos esgotos são lançados “in natura”, nos cursos d’água, transformados em “cloacas” (by Chicre Farhat), não existem redes coletoras e nem interceptores e muito menos estações de tratamento?
E o fornecimento de água duvidosa que teima em acabar dia sim e outro também, geralmente, em dias de maior consumo?
A CEMIG interrompe o fornecimento diariamente e muitas vezes demora horas pra normalizar… Às vezes, no vai e vem, aparelhos como geladeiras, televisores e computadores vão pro espaço num piscar de olhos, enquanto seu carnezinho das Casas Bahia não chegou nem na metade…
Já sugeri pra algumas “otoridades” que o poste ocupa uma pequena área equivalente a πr² na sua calçada, porém são “n” postes; então, o somatório é uma área considerável, passível de IPTU, que não é cobrado da concessão. E a fiação que ocupa o nosso visual ao olhar pra cima ou mesmo prestes a cair sobre as nossas cabeças quentes de tanto xingar esses incompetentes?
A concessão das estradas é outra que mesmo com o pedágio, com pagamento à vista, dinheiro incalculável entrando sem parar nos cofres de uma CONCER, por exemplo, fazem da BR 040 um verdadeiro pandemônio pros usuários: buracos, sinalização desgastada, falta drenagem e sobra radar. E o túnel da Serra de Petrópolis? O que foi consumido, ou melhor, o que foi sumido ali e tudo abandonado é de matar qualquer um de raiva, até os petistas reclamam.
Aí você lembra da BR 267, do DNIT, do IPVA, do seu lindo e reluzente automóvel… A mãe dos incompetentes está encabeçando a lista das pessoas mais xingadas do verão.
O aeroporto Presidente Itamar Franco (Goianá) demorou o triplo do tempo necessário pra ser concluído, quer dizer inaugurado, inacabado. Falta tudo: estradas de acesso, sinal de internet ou telefonia, estacionamento caríssimo e sem nenhum tipo de proteção, longe da principal cidade (Juiz de Fora), etc. Mas a taxa de embarque continua de vento em popa, em céu de brigadeiro.
Pra parar de reclamar, eu ainda tenho os CORREIOS, e a única coisa boa é que se o coronavírus vier pelo correio, a epidemia já teria acabado.
Oh Glória!