Ao amigo José Maria
A Associação dos Municípios da Microrregião do Vale do Paraibuna (AMPAR) viveu momentos de grandes realizações, entre os anos 1980 e 2000. Foram 20 anos de muito trabalho, muito investimento e, principalmente, muitas realizações.
Nesse período ou fase de ouro, quem esteve à frente desse levante foi o amigo Dr. José Maria de Souza Ramos.
Como secretário-executivo da associação, Zé Maria, como é chamado pelos mais chegados, fez coisas que pareciam impossíveis se tornarem realidade, principalmente, com a inclusão, no mapa, dos pequenos municípios filiados.
Um dos primeiros feitos do Zé Maria foi a criação do escritório de engenharia. Na época, meu pai era prefeito de Bicas e presidente da AMPAR.
O escritório incrementou de forma positiva várias obras e disponibilização de recursos junto aos órgãos estaduais e federais, que sempre exigem projetos e orçamentos exequíveis de suas demandas. Várias cidades que não disponibilizavam de serviços de engenharia, projetos, sistemas de abastecimento de água, passaram a ter seu fornecimento padrão com qualidade e que funcionam muito bem até os dias de hoje.
Logo a seguir, nosso secretário, com muita antevisão, deu um passo mais largo, quando mudamos de um pequeno escritório no Edifício Solar do Progresso (levando um Fiat 147 bem rodado) para uma casa ampla e bem localizada na Avenida dos Andradas.
Foi nessa época que chegamos a ter mais de 30 cidades filiadas e atendidas em vários setores, tais como: jurídico, contábil, engenharia e terraplanagem.
Esse serviço de terraplanagem foi conseguido com muito esforço do Dr. José Maria e também do grande prefeito Dr. Francisquinho, de Mêrces, que ficou conhecido como prefeito pé-quente.
A patrulha moto mecanizada era formada por uma F1000, um trator D4, uma retro escavadeira e duas motoniveladoras (patrol)… tudo zero bala. As estradas vicinais da região foram todas remodeladas.
Tive a honra e o prazer de fazer parte desta equipe e essa oportunidade também foi obra do Zé Maria, que esteve na minha formatura tempos atrás.
Por volta de 1986, quando eu trabalhava na CETEC, encontrei com o Zé Maria em BH e ele me perguntou: Quer voltar pra JF?
E ele conseguiu junto a Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia, onde eu estava lotado, o meu passe sem ônus pra associação!
Graças a esse gesto, essa atitude, pude voltar pra cá, com a família, pude aprender muito, crescer e viver da engenharia até os dias de hoje, como diria o Ivan Lins…
Fiz vários cursos de aperfeiçoamento, conheci vários prefeitos e vereadores de toda a região… fizemos grandes obras. Minha vida profissional mudou muito e pra melhor com essa mexida do amigo Zé Maria.
Dr. José Maria herdou muita coisa boa do saudoso professor Nelson Ramos, principalmente o espírito empreendedor. Só que, no caso do Zé Maria, o empreendedorismo foi colocado em favor dos municípios e da AMPAR.
Com tantas realizações e benefícios conseguidos para os municípios, a AMPAR passou a ser referência política, também, e reivindicações conjuntas e importantes foram concebidas em assembleias de prefeitos e autoridades. Na época, uma reivindicação que chegava a Brasília ou a BH com a chancela da AMPAR (o logo foi uma criação do Zé Maria com o saudoso Bello), era colocada na pauta de prioridades. Afinal, estávamos fazendo a diferença.
Outro fato até pitoresco em relação a esse período fantástico, ocorreu de forma inusitada, pois prefeitos de pequenas cidades, com pouco ou nenhum traquejo, se sentiam mais confiantes ao ser associado, já que participavam de eventos, almoços, jantares, coquetéis e solenidades, aprendendo coisas, etiqueta e protocolo.
Lembro-me que certa vez levamos um prefeito pra almoçar no Berttu’s e pedimos um medalhão de filé com piemontese. Ele ficou tão encantado com aquele prato que dali em diante, pelo menos uma vez na semana, trazia seus correligionários e gritava por garçom: “Medalhão pra todo mundo!”
Antes de terminar seu ciclo e fechar com chave de ouro, Zé Maria ainda conseguiu mais um trunfo. Conseguiu o que ninguém tinha conseguido: uma sede própria para a AMPAR, onde funciona até hoje, em parte do prédio do DER, em Santa Terezinha, Juiz de Fora.
Obrigado, amigo!