Caminho da roça
Não era uma rotina, mas sempre ficávamos ali perto da casa do Sr. Cesário esperando. Quando o carro de boi virava a esquina da Dona Diola, nosso humor melhorava muito. Tião da Modestina vinha com o ferrão na mão para controlar os bois, geralmente quatro em fila de dois.
Não sei se era proposital ou se por causa do peso, mas o danado vinha cantando o cocão, que se ouvia ao longe… Talvez fosse um lamento ou chiado, não importa; aquilo era uma beleza para nós moleques…
A mesa principal era feita de sucupira, madeira dura e resistente, cercada em volta por uma esteira de taquara, que quase encostava nas enormes rodas de madeira. Os bois, mansos e adestrados em suas cangas, davam pouco trabalho para o carreiro.
Os latões de leite quase não davam espaços para a gente pegar uma carona até à cooperativa, mesmo assim, Tião nos mandava fazer um revezamento, pois não cabiam todos de uma vez.
Quando chegávamos ao destino, ajudávamos a descarregar o leite e dávamos água aos bois. Na volta, tinha sempre um moleque que até guiava os bois por uma curta distância. Assim ia se passando a infância na minha rua… Bicas rural.