A Câmara Municipal aprovou em sua 7a reunião pública uma moção de Repúdio à fala do Dr. Marco Aurélio Matos sobre os professores – a quem chamou de “vagabundos”. A iniciativa partiu do vereador Loro e foi motivada pelos comentários feitos ao vivo, na manhã da última quinta-feira (10/03), no programa “Boca do Trombone” da Rádio Nossa FM.

            Na ocasião, o advogado ofendeu a classe de trabalhadores, criticou os grevistas, e ainda sugeriu que a carga horária dos professores fosse dobrada, entre outros comentários abomináveis. “Isto é apenas um extrato dos mais de dez minutos reservados à difamação de toda uma classe trabalhadora, acompanhada sem qualquer intervenção ou ressalva por parte do apresentador”, apontou o autor da moção.

As falas absurdas repercutiram no último final de semana e gerou indignação por grande parte dos ouvintes, principalmente dos docentes. Muitos professores chegaram a fazer publicações em suas redes sociais indignados com o ocorrido.

Os vereadores Rafael Aquino, Melissa Terra, Paulinho Plantas e Marcelo Jardim demonstraram apoio à moção de repúdio apresentada por Loro e comentaram o ocorrido. Todos classificaram a situação como “infeliz” e fizeram questão de enaltecer a luta desses profissionais tão pouco valorizados, principalmente no período pandêmico.

            A moção foi aprovada por unanimidade e assinada em conjunto por todos os parlamentares, exceto Fernando do Joca.

Veja abaixo, na íntegra, as palavras do vereador Loro.

 Excelentíssimo Senhor Presidente,

Nos termos regimentais peço aprovação de moção de repúdio às declarações do Dr. Marco Aurélio Matos levadas ao ar pela Rádio Nossa FM no programa Boca no Trombone do dia 10 de março de 2022, quando os professores foram chamados de vagabundos.

JUSTIFICATIVA

É constrangedor ter que repetir aqui os impropérios que ouvimos no dia 10 de março no programa Boca no Trombone. Contudo seria impossível repudiar o ocorrido sem relembrá-lo.

Durante o programa o Dr. Marco Aurélio, comentarista, debochou dos indicativos de greve dos professores pela revisão salarial. Sugeriu que os professores fizessem protestos trabalhando, criticou o magistério mandando os professores mineiros “tomarem banho”, pois “passaram quase dois anos à toa”.

Acusou os professores de sacrificarem e desrespeitarem os alunos e o dinheiro público. Chamou de abuso o indicativo de greve e disse que os insatisfeitos deveriam “pegar o bonezinho e ir pra casa”.

Tudo isso diante da assombrosa passividade do apresentador Carlos, que ouvindo a tudo se limitou a fazer pequenas interjeições de apoio ao que era falado.

Não contente, Dr. Marco disse ainda que “greve é coisa de vagabundo, de quem não quer trabalhar” e que “80% dos caras que estão em greve não sabem porque estão em greve, são encabeçados por meia dúzia de sindicalistas e só querem ficar em casa”. Afirmou que este seria o discurso correto.

Ainda em suas palavras ele disse que “professor tem que estar em sala de aula. Não tá aguentando? Pega o boné vai embora, é simples”.

Chegou a insinuar que os professores são emocionalmente desequilibrados e só querem aparecer, sugerindo ainda que seja dobrada a carga horária deles.

Isto é apenas um extrato dos mais de dez minutos reservados à difamação de toda uma classe trabalhadora, acompanhada sem qualquer intervenção ou ressalva por parte do apresentador.

Repudiar tais declarações é o mínimo que deve ser feito por qualquer pessoa com o mínimo de senso de decência e que compreenda que os professores são a base de formação de nossa sociedade.

Dessa forma, manifesto meu apoio incondicional ao magistério e a todas e todos os profissionais que trabalham duro e dedicam sua vida e esforço na formação e educação de nossos cidadãos, ao passo que solicito dos pares a aprovação desta Moção.

Sala das Sessões da Câmara Municipal de Bicas

Em 14 de março de 2022

Aloysio Barbosa Borges

Vereador Proponente