Brotinho apaixonado

Cheguei do Ginásio Estadual, depois de uma prova de matemática difícil pra caramba…  Wilson Amorim jogou pesado! Quando fui colocar os cadernos sobre a escrivaninha, observei que caiu um papelzinho no chão. Peguei e notei que era um bilhetinho… Abri e li. Era quase uma declaração de amor.

Fui dormir com um sorriso de orelha a orelha. Na manhã seguinte, como sempre, meu colega de Senai me esperava na esquina da Rua do Brejo para irmos estudar. Com satisfação mostrei o bilhetinho para ele, e com seu humor costumeiro, foi tirando onda: “você sabe que eu tenho um curso por correspondência de decifração de letras, sonhos e também sei ler mãos. Esse brotinho está apaixonado”, e continuou: ”imagina achar um olhar sensual numa cara de mocorongo dessa” e deu uma risada sarcástica.

Não achei muita graça, mas fomos indo para a escola. Depois de um certo tempo e mais alguns bilhetinhos, e contando com minha astúcia, consegui identificar o brotinho. Cheguei perto dela com um pouco de receio e começamos a conversar. Ela mais atirada do que eu, confirmou ser a dona dos bilhetinhos. Levei-a até o portão de sua casa e beijamos pra danar. Foi um ótimo comprometimento e até desfilamos de mãos dadas pela praça São José… Bicas emocionante.