Brasil tem 203 milhões de habitantes, aponta Censo; domicílios crescem mais
28/06/2023 10h00
Somos 203 milhões de habitantes no Brasil. O número foi divulgado hoje pelo IBGE, que revelou os primeiros resultados do Censo 2022. Segundo os dados, vivemos em 90,6 milhões de domicílios, mas nos últimos 12 anos o país teve a menor taxa de crescimento populacional da sua história —os dados oficiais começam a ser contados a partir de 1872.
- A população cresceu em 12,3 milhões de pessoas em comparação a 2010, quando foi realizado o último censo. Na época, eram 190,7 milhões de habitantes, e agora chegamos a 203 milhões; uma alta de 6,4%.
- Porém, o dado divulgado hoje “reduz” a população do país, estimada anualmente pelo órgão. A projeção atual do IBGE é de que haveria 213,3 milhões de habitantes no país em 2021; também menor que o dado parcial do Censo divulgado no final do ano passado, de 207 milhões de moradores —a divulgação antecipada, por sinal, foi alvo de críticas. (Entenda o porquê da diferença).
- Já em domicílios, a alta foi bem maior: em 2010 eram 67,5 milhões e agora são 90,6 milhões, ou 34% a mais: um ritmo de crescimento cinco vezes maior que o da população.
- Com mais domicílios, caiu o número médio de moradores por residência: são agora 2,79 em média; há 13 anos, esse número era de 3,31.
- O Censo revelou que, nos últimos 12 anos, a taxa de crescimento populacional foi de 0,52% ao ano. Foi a menor já registrada desde que temos dados oficiais sobre o tema, a partir de 1872.
- Hoje saíram apenas dados referentes à população e domicílios. Resultados mais detalhados serão divulgados em publicações específicas por área em breve.
- Os demógrafos vão avaliar, por exemplo, qual o impacto da pandemia de covid-19 nesse baixo crescimento.
- Em termos de moradores, São Paulo segue sendo o estado mais populoso com 44 milhões de moradores; e Roraima, o menos populoso, com seus 636 mil habitantes.
- A região Sudeste segue como o maior número de moradores brasileiros (84,8 milhões de habitantes), com 41,8%, enquanto 8% moram no Centro-Oeste.
- Já entre as cidades, a capital paulista também lidera em população, com 11,4 milhões de pessoas.
- Quando analisadas as maiores variações entre 2010 e 2022, Manaus chama atenção por ter sido a cidade que mais ganhou moradores nos últimos 12 anos em números absolutos, saltando de 1,8 milhão para 2 milhões de moradores.
- Já Salvador teve a maior queda de população entre esses anos, caindo de 2,67 milhões para 2,41 milhões de moradores. Com isso, a metrópole mais populosa do Nordeste passou a ser Fortaleza, que passou a ser a 4ª mais populosa do país.
- Entre os dez municípios mais populosos do país, cinco perderam população entre 2010 e 2022.
As cidades mais populosas do país:
- São Paulo – 11.451.245 (1,8% a mais que em 2010)
- Rio de Janeiro – 6.211.423 (-1,7%)
- Brasília – 2.817.068 (+9,6%)
- Fortaleza – 2.428.678 (-1,0%)
- Salvador – 2.418.005 (-9,6%)
- Belo Horizonte – 2.315.560 (-2,5%)
- Manaus – 2.063.547 (+14,5)
- Curitiba – 1.773.733 (+1,2%)
- Recife – 1.488.920 (-3,2%)
- Goiânia – 1.437.237 (+10,4%)
Metrópoles menores, entorno maior
- O Censo também apontou que a cidade com menor população do país não é mais Borá (SP), mas sim Serra da Saudade (MG) e seus 833 moradores.
- O IBGE também contou a população de concentrações urbanas, e São Paulo segue também como a líder com 20,6 milhões de pessoas na região metropolitana. A região do Rio de Janeiro vem em seguida, com 11,6 milhões.
- Nessas concentrações urbanas (que são classificadas como arranjos populacionais acima de 100 mil habitantes com forte integração da população), moram 124,1 milhões de pessoas.
Uma tendência observada pelo Censo 2022 é que as médias cidades foram as que mais ganharam população a partir de 2010, com redução de ritmo de alta nas capitais e cidades-polo de regiões metropolitanas. “É o fato novo do Censo”, diz o presidente do IBGE.
Crescimento desigual
- O crescimento populacional ocorreu em todos os estados nesses 12 anos, mas as taxas foram diferentes entre as regiões.
- Os números apontam que o Norte deixou de ter a maior taxa de crescimento populacional e passou o posto para o Centro-Oeste, que registrou uma taxa de 1,23% ao ano, mais que o dobro da média nacional.
- Na contramão, o Nordeste é a região que menos cresceu e teve alta de apenas 0,24% ao ano. Alagoas foi o estado com menor crescimento do país e ficou quase estável, com aumento de apenas 0,02% ao ano.
- Já Roraima teve a maior taxa de crescimento. Parte da explicação disso pode ser explicada pela inédita inclusão do povo yanomami no recenseamento.
Sobre o Censo
- Para fazer o Censo, o IBGE levou 10 meses em campo. O orçamento inicial aprovado foi de R$ 2,3 bilhões, mas segundo o presidente do órgão, o atual governo precisou investir R$ 350 milhões para concluir as entrevistas em 2023.
- Com o aporte do governo atual, foi possível fazer o recenseamento de mais 16 milhões de pessoas pelo país.
- “Dessas, 2 milhões estavam em favelas e iriam ficar fora”, diz. O número de moradores de favelas será divulgado posteriormente.
“Estamos orgulhosos por esse momento. Ele é histórico e fundamental para todos nós. Existe um IBGE antes e depois do Censo 2022.”
Cimar Azeredo Pereira, presidente do IBGE
- O Censo começou em 1º de agosto de 2022 e encerrou a coleta em junho de 2023. Ao todo, participaram da coleta de dados 215.915 trabalhadores temporários, entre analistas, supervisores e recenseadores
- . Os recenseadores visitaram ao todo 106,8 milhões de endereços, com uma taxa de não-resposta de 4,23%. Nesse quesito, São Paulo se destacou pela média bem acima do restante dos estados: 8,1% dos paulistas não responderam.
- Segundo o IBGE, 1 milhão de domicílios se recusaram a responder o Censo.
- Quando uma pessoa não responde ao Censo, ou o entrevistador não consegue localizar um morador, o IBGE faz uma inferência para calcular de acordo com médias recenseadas no local.
- No Censo 2022, o IBGE informou que 195 milhões de pessoas foram recenseadas e 7,9 milhões foram imputadas (calculadas por método científico).
- Dos domicílios visitados, o IBGE encontrou 18 milhões desocupados ou ocupados ocasionalmente (caso de imóveis usados para veraneio ou aluguel temporário, por exemplo). Em comparação a 2010, a alta foi de 87%.