Abajur lilás

No meu tempo de juventude, lá pelos idos dos anos 70, era comum os homens frequentarem a “zona”… Bicas chegou a ter três prostíbulos. O mais frequentado, por questão de tradição e logística, era o “complexo da Tia Rita.

Por lá se via pais levarem seus filhos para a iniciação sexual e, no outro extremo, exigiam que suas filhas casassem virgem. Na Tia Rita havia várias casas com suas cafetinas… Teresa era uma delas: balzaquiana, discreta em público, mas entre quatro paredes se transformava, pois sabia todos os caminhos e segredos para ter os homens aos seus pés, principalmente, na horizontal. Era sempre requisitada para fazer o batismo dos filhos daqueles que mantinham a tradição.

Vez por outra se via algum mancebo sair extasiado do quarto de Teresa e certamente virava freguês cativo. Nós outros, que não tínhamos pais ricos, e muito menos tradição, ficávamos sempre naquela de juntar um dinheirinho para visitar o quarto daquela mulher que vivia na nossa imaginação.

 Não sei o paradeiro de Teresa, como também sei que a vida dela não era nada fácil. Sempre rodeada de homens que a desejavam, mas solitária lutando para sobreviver num ambiente hostil. As lembranças que tenho dela são de uma pessoa querida por muitos e sem ninguém…Bicas sem camisinha.