A vaidade
Nunca se pensou tanto no visual, na forma física, nos cabelos, dentes, unhas, bochechas, lábios, seios, celulites e nádegas como agora.
Todo mundo quer ficar cheiroso, quer ter hálito de hortelã, mãos macias e pele sem manchas.
Nessas alturas, vão surgindo todo tipo de cosméticos, plásticas, tinturas, perucas e até xaropes milagrosos, que prometem desde aumento de estatura, passando por recomposição do lacre, a aumento de partes da anatomia, geralmente, utilizadas para a prática da evolução da espécie, ou da pornografia, por exemplo.
Hoje o caboclo com um pouco de dinheiro americano ou europeu pode se internar em algum SPA (Seca Peso Acelerado) e pagar pra passar fome ao lado de outras pessoas famintas e insones com polpudas contas bancárias.
Dentro desses oásis de falta de comida existem os contrabandistas de carboidratos que, por pequenas quantias de dinheiro, conseguem furar o bloqueio imposto pela administração do local e fornecem chocolates, biscoitos e outras guloseimas proibidas.
Na verdade você poderia fazer isso tudo em casa sem gastar tanto, porém você não vai poder falar pros amigos que nunca foi num SPA…
A vaidade, às vezes, pode deixar o sujeito com um jeitinho diferente, um jeitinho moderninho, meio metrossexual. Não por que você faz sexo a metro, nem por que o faz só depois de andar no metrô. Porém, esse seu novo jeitinho pode te levar a ser “cantado” por pessoas do mesmo sexo ou do sexo oposto, que tem preferências opostas.
As mulheres sempre foram mais vaidosas e são as principais consumidoras dos produtos estéticos, desde a época das cavernas, com roupas de couro e osso no cabelo.
Eu ainda me lembro, que até lá pela metade do século 20, elas usavam anágua, combinação, pó de arroz, laquê, ruge e espartilho. Hoje, continuam a usar várias coisas chamadas acessórios, procurando sempre valorizar o visual, nem que seja deixando a mostra partes do corpo, outrora desconhecidas dos homens e outros predadores.
Ser vaidoso em alguns casos tornou-se obrigação, em outros, casos médicos e psiquiátricos, casos de polícia ou casos descabidos. A pessoa vai indo e quando se dá conta passa mais tempo em salões de beleza, SPA’s, clínicas rejuvenescedoras e retiros afins, do que no trabalho ou em casa, por exemplo.
Pela manhã, em jejum, malham até molhar a camisa, depois de um bom e relaxante banho de hidro ou ducha, partem pra massagem oriental, ao som de mantras do Homem de Bem, dali direto pro cabeleireiro, manicura, pedicuro, sobrancelha, axilas e virilha; almoço rápido e frugal, etc.
Somente uma limpeza de pele poderá fazer você desmarcar aquele compromisso inadiável ou aquela viagem…
O problema da vaidade é o que acontece geralmente com os políticos, desde vereadores de cidades mínimas até deputados federais, senadores e presidentes.
Como são vaidosos, se comportam como se estivessem numa vitrine. Fazem poses, fazem promessas, fazem de tudo pra ficar com quase tudo e o povo envaidecido acaba esquecido até a próxima aparição.
Vaidade é bom ter, porém demais pode deixar o cidadão neurótico, pode deixar o sujeito cego, pode fazer com que o caboclo vire escravo do seu próprio personagem.
Já pensaram ficar muito vaidoso e ao deitar sentir que além de você tem um vaidosão no mesmo corpo?
E se a cama for estreita?
E se seu pijama for apertadinho?
Portanto, não seja tão vaidoso ao ponto de ficar conversando consigo mesmo, nem se olhando no espelho sem parar, pois se isso estiver acontecendo, das duas uma: ou você incorporou o Narciso e não quer assumir ou então seu jeitão já não é mais o mesmo!
Amilcar prefere as pousadas!