A trilha
Algum tempo atrás, eu gostava de andar, principalmente, em locais afastados dos grandes centros. Nada de carros e concreto e tudo de árvores e ar puro.
Em Bicas, comecei com a tradicional caminhada Bicas-Guarará, passando pela Rua da Caixa, a divisa entre as cidades, que são unidas no bairro São Paulo (conurbação social), depois a Ponte Seca e o Mundo Novo, até a Praça Afonso Leite. Mais ou menos 6 km, ida e volta.
Outra caminhada era pela Saracura, seguindo o Ribeirão São José, estrada de chão, até encontrar a BR-267 e voltar pela Cutieira. Mais ou menos 15 km.
O Parque Florestal ou Horto também era facilmente “caminhado”, apesar do subidão, o visual no ponto mais alto é compensador.
Nessa época, Zé Frau e eu queríamos incrementar o parque com novas árvores e fomos buscar ajuda no Rio, mais precisamente no Instituto de Pesquisas do Jardim Botânico RJ e conseguimos muitas dicas e sementes de várias espécies, doados pelos botânicos daquela instituição.
Só a ida as instalações desse instituto de botânica, entrada pela Rua Pacheco Leão já foi uma experiência única. Os técnicos disponibilizaram um servidor só pra mostrar como coletava as sementes das árvores… muito legal.
De volta a Bicas, foram plantadas mais de mil mudas produzidas dessas sementes nas áreas do parque; porém, poucas vingaram, por falta de cuidados básicos…
Já fiz Maripá-Bicas, via estrada de chão. São Manoel-Santa Helena, pela crista dos morros e retorno pela MG-126. Depois Água Santa, via campo do Leopoldina. O visual, como diria o Cooperfield, é de cinema!
Outro trajeto incrível foi desbravado do Campo do Leopoldina, até a MG-126, na Serra de Bicas pra São João Nepomuceno, no meio do mato e mais de 15km…
Nessa época virei um “treikeiro” solitário e vivia em função de caminha e andar sempre.
A saúde estava ótima e o alto astral que essas andanças proporcionam não tem explicação.
Fui parar em Visconde de Mauá: lugar mágico, Serra da Mantiqueira, antro de trilheiros, rockeiros e outros bichos. Eu tinha uma camiseta da “Bicho do Mato”, uma grife de Penedo e escutava sem parar a música de mesmo nome, da incrível banda Som Nosso de Cada Dia, do disco “Snegs”.
Mauá, as duas Maringás (de Minas e do Rio, separadas pelo sensacional e despoluído Rio Preto), Alcantilado, Maromba, Santa Clara, Escorrega e etc é muito bom!
Trutas com pinhão, lareira e cachoeiras. Nessa época, tentei subir na Pedra Selada, levando a família junto, só que a turma abriu o bico e voltamos quando a subida ficou mais difícil e adentrou pela mata. Vale a pena ir. A trilha começa numa fazenda no pé da serra, é bem sinalizada, e paga pra entrar. Dizem que lá do alto o visual é fora do comum…
Também, aventurei-me na trilha da Pedra do Baú, em Campos do Jordão, via Horto Florestal, úcom alto nível de consciência ecológica, super sinalizado (coisa de paulista), imperdível e em Monte Verde (Sapucaia). Tudo na Serra da Mantiqueira.
Ibitipoca: cachoeiras dos Macacos (indo por baixo e voltando por cima), Lagos dos Espelhos…
E a Serra da Bocaina, região de Trindade, praias paradisíacas… Paraty?
Não posso esquecer da Ilha Grande e a trilha no meio da mata atlântica para a praia de Lopes Mendes, uma das mais lindas do planeta.
Nem deixar passar a Ilha de Itacuruçá, região de Mangaratiba RJ, trilhas, mata atlântica e muita comida…
Passava horas sonhando em morar no Rio só pra desfrutar as trilhas incríveis da Floresta da Tijuca.
Na Serra dos Órgãos, Teresópolis/Petrópolis/Guapimirim, caminhei um belo trecho em direção a Pedra do Sino; porém, mais uma vez não completei… Acho que o meu negócio era ir e depois desfrutar da gastronomia local, logicamente, regado as cervejas e vinhos.
Como diria meu sogro: um bon vivant.
Em Diamantina também andei me aventurado na Estrada de Escravos, na cachoeira Sentinela (música do Milton), na nascente do Rio Jequitinhonha e em Biribiri, um distrito no meio do nada, na Serra do Espinhaço, além de um bate-e-volta no Serro. Show.
Uma das trilhas mais incríveis que pude desfrutar foi em Tiradentes, na Serra de São José. Nessa trilha, Vitória e eu estávamos em plena forma e da Pousada Mãe d’Agua até os poços no alto da Serra foi uma bela caminhada, uns 15km mais ou menos. À noite, degustando os sabores da Traga a Luz, um garçom disse que essa trilha era maldita e que pessoas eram assaltadas por moradores da mata. Comigo correu tudo bem. Valeu muito. Águas cristalinas, mata nativa, ar puro, adrenalina e muita vontade de virar um Bicho do Mato!
Bons tempos!