A primeira mala
Dizem que tudo na vida tem uma primeira vez e que essa vez, talvez por ser a primeira ou por ser uma coisa que nunca havia ocorrido na sua existência, a gente nunca esquece.
Pois bem, partindo dessa máxima é que vou tentar inserir no entendimento das pessoas, que leem a última página da trintona Em Voga ou também no centenário Jornal O Município, da Grande Bicas, a importância da primeira vez.
Me lembro que a propaganda no Brasil, a publicidade brasileira, começou a deslanchar com as geniais criações do mago paulista do marketing Washington Olivetto. E ele usou dessa expressão pra falar do primeiro sutiã ou soutien. Foi ao mesmo tempo ousado e inteligente.
É só prestar atenção na vida e você vai perceber que todo mundo ou a grande maioria das pessoas estão querendo sempre é fazer alguma coisa pela primeira vez.
Quando se é bebê quer andar, quer falar e quer largar a fralda. Tem neném que a primeira coisa que balbucia é “papá” e não é querendo dizer papai e sim comida, hambúrguer, batata frita, brigadeiro ou algodão doce.
Nesse caso, aí é que mora o perigo, pois essa primeira vez pode fazer com que você passe o resto da vida tentando largar o habito de se alimentar muito acima de suas necessidades…
Depois na escola você aprende a ler e a escrever (nem todos), porém a grande maioria lê e não interpreta (é o caso de um ex-presidente) ou desenha em vez de escrever. Geralmente, isso ocorre no hemisfério sul do planeta.
Mais tarde, na pré-adolescência, todo mundo quer fazer 18 anos pra poder ir no cinema impróprio pra menores de 18 anos, pela primeira vez. Nos idos dos meus primórdios, a galera falsificava a data de nascimento só pra poder assistir algumas cenas mais picantes… quanto romantismo. Hoje em dia os canais de sexo explícito podem ser assistidos em qualquer horário, por qualquer um. Banalizou.
O primeiro beijo pode ser também o primeiro passo em direção a perdição da alma do elemento. Nesse caso, recomenda-se não ser de língua, logo na primeira vez, pra coisa não se tornar a primeira transa, tudo na primeira vez. Isso pode gerar a primeira gravidez.
A Primeira Noite de um Homem, com Dustin Hoffman, que pela primeira vez, já beirando os 80 anos tá sendo acusado de assédio, também, está em ”Perdidos na Noite”, junto com Jon Voight, onde a trilha sonora, dos dois cult movies é de tirar o folego com Simon e Garfunkel mais John Barry.
Veja que a primeira vez está em tudo, praticamente a vida de uma pessoa se resume nas primeiras vezes. Aí você, atento aos sinais, vai notar que quase todo dia acontece alguma coisa pela primeira vez. Logicamente tem gente que já está na enésima vez e continua repetindo, principalmente, quando se vive num país onde a impunidade é regra e a imunidade protege justamente quem está imundo.
O flagra filmado e reprisado, uma gama de vezes, nos jornais nacionais, das tevês abertas e fechadas, nas redes sociais e escravizantes, do ex-melhor amigo de infância do Michel Temer, carregando uma mala abarrotada de dinheiro (500 mil reais), pela primeira vez… quer dizer primeira vez flagrada, não pode ser levado em consideração para efeito de provas contundentes de suborno e corrupção. porque a historinha da carochinha falava em 4 malas!!!!!!!!!
Onde estão as outras 3 malas???
Agora vemos um tal de Marum (disfarça e solta pum), que sempre quando aparece na mídia sugere que estava comendo alguma coisa, acabado de almoçar bem, de se refestelar em algum rega-bofe regado a refogados e outras guloseimas, risotos e massas italianas, defendendo com unhas e verbas oriundas da Caixa Econômica Federal, a reforma sem vergonha da previdência social.
Quem vai se aposentar, pela primeira vez, sabe que pra ter as regalias desses elementos espertos, tem que fingir de morto, tem que ser funcionário público e sempre que puder fazer uma grevezinha ou outra de pelo menos 6 meses ao ano. E ainda tem as férias prêmio!
Bem, pela primeira vez e talvez a última, no meu caso, poderei assistir com o novo presidente (quem?) o início de uma nova velha era que como um mantra deve ser lembrado: “só devemos gastar o que ganhamos”.
Quem sabe ainda veremos o Brasil, pela primeira vez, fechar as contas sem precisar de pedaladas, marmeladas e outras falcatruas contábeis?
Deve ser muito bom viver em um país onde os impostos arrecadados cobrem todas as despesas e ainda sobra pra segurança, pra saúde, pra educação, pro transporte, pro saneamento, pro meio ambiente, pra cultura, o esporte…