Francisco Retto Filho
Perfis biquenses
Nas décadas de 70, 80 e 90, o saudoso Chicre Farhat escreveu várias crônicas para O MUNICÍPIO sobre personalidades biquenses, ressaltando nelas qualidades de caráter e de personalidade, muitas vezes despercebidos no dia a dia. Verdadeiras pérolas que, em novembro de 1983, foram reunidas em uma publicação lançada pelo prefeito Gilson Lamha. Posteriormente, Chicre continuou a usar sua brilhante mente para enaltecer outras personalidades. Assim sendo, em homenagem ao autor e aos seus personagens, tudo será republicado. O saudoso Francisco Retto Filho é o personagem da vez…
Deixem-nos tratá-lo de “CHICO RETTO”, pois foi assim que os biquenses aprenderam a admirá-lo e a estimá-lo.
Era ele uma figura singular, de fala e gestos mansos; ninguém porém, o superava nas firmezas das ideias e na determinação de sua vida, cuja trajetória, repleta de calor humano, foi um orgulho dos contemporâneos.
Foi um homem fiel à sua terra e à sua gente, participando como poucos de todos os grandes acontecimentos cívicos destas últimas décadas.
Biquense de Maripá, fazia parte daquele grupo admirável de cidadãos que, vindos para Bicas, aqui formaram o núcleo dos primeiros líderes e homens públicos, que haviam de tornar a nossa terra estruturada politicamente e emancipada no seu futuro.
Cidadão prestante, cavalheiro sempre pronto para as iniciativas úteis e generosas, devemos a ele, com a modéstia que o caracterizava, comoventes gestos de solidariedade humana, que fazia questão de guardar de toda e qualquer publicidade.
Abjurava o egoísmo e não gostava de lidar com os falsos, os oportunistas, os que não soubessem manter a nitidez de atitudes e a clareza das intenções. Resistia ao seu jeito, como autêntico mineiro, com calma, sem rompantes ou gestos apressados.
Tínhamos nele o irmão mais velho, o conselheiro das nossas angustiosas lutas políticas – e sobretudo – víamos nele o exemplo, a desambição, a retidão do caráter, o idealismo permanente.
Aquele “Chico Retto”, grande beque do Esporte, ou o “CHICO” fazendeiro, passando empertigado no seu belo cavalo, rumo as suas terras, que ele tratava com carinho e conhecimento, sempre atento ao que de mais moderno havia nas lides rurais, ou ainda o velho “CHICO” já dono do cinema, pronto para uma conversa, a troca de ideias, com aquele espírito aberto, jovial e arejado, sabendo ouvir para depois melhor dizer – esse homem de bem, simples, honrado e limpo, vai deixar uma saudade enorme.
Homens como ele não se substituem. Por isso mesmo, depois da sua morte, Bicas se tornou menor e há um vazio imenso em nossos corações.
(Crônica do saudoso Chicre Farhat, publicada no jornal O MUNICÍPIO, em 28 de julho de 1968)