Sino pequenino
O indulto é uma forma de se decretar a interrupção “temporária” ou até mesmo a “definitiva” de uma imputação penal e, mesmo se tratando de uma competência privativa do Presidente da República, a concessão do indulto pode ser, excepcionalmente, delegada aos Ministros de Estado, à Procuradoria-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União. O benefício, normalmente coletivo e espontâneo, é concedido em datas de feriados, que se comemoram certos “Dias Santos”, ou em outras de certo significado sentimental – Páscoa, dia das Mães, dia dos Pais, feriadões, eventos de congraçamento etc.
Dado esse prólogo, gostaria de informar aos caríssimos leitores que, usando da benevolência que me invade em função do ‘espírito de Natal’ e, por terem vocês já cumprido parte de suas penas lendo minhas matérias anteriores, vou indultá-los – temporariamente – do foco usual de meus textos, vezeiramente abordando questões políticas, político-econômicas, geopolíticas, histórico-políticas, atualidades políticas, etc -políticas e etc e brindá-los com um assunto mais suave, que espero seja do agrado geral.
Astronomia – “O Solstício”
Na astronomia, solstício (do latim sol + sistere – sol que não se mexe) define o momento em que o sol, durante seu aparente movimento na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude medida a partir da linha do equador, ou seja, os raios incidem perpendicularmente a ela. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em dezembro e em junho, sendo que, o dia e a hora exatos variam de um ano para outro e também em relação à distância dos paralelos geográficos à linha do equador (latitude) e são antagônicos nos hemisférios: o solstício de verão em um hemisfério coincide com o de inverno no outro e vice-versa.
Quando ocorre o de verão, significa que o sol está em sua posição mais próxima da terra naquele ponto do globo e que a duração do dia é a mais longa do ano, enquanto que, de modo análogo, quando ocorre o de inverno, significa que o sol está em sua posição mais distante da terra naquele ponto do globo e que a duração da noite é a mais longa do ano. Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de verão do hemisfério “Sul”, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Capricórnio e, no solstício de verão do hemisfério norte, os raios solares incidem perpendicularmente à superfície da Terra no Trópico de Câncer.
Nossa história está diretamente ligada ao “Polo Norte”, pois é de lá que vem o maravilhoso velhinho portador de novos sonhos e esperanças.
No hemisfério “Norte”, o solstício de verão ocorre por volta do dia 21 de junho e o de inverno, por volta do dia 21 de dezembro, e essas datas marcam o início das respectivas estações do ano naquele hemisfério. O nosso foco principal será o solstício de inverno no hemisfério “Norte”, em função do qual se desencadeará nosso tema.
Em várias culturas ancestrais à volta do globo, quando do solstício de inverno, o mesmo era festejado com comemorações que deram origem a vários costumes que, hoje em dia, são relacionados com o Natal das religiões pagãs. O solstício de inverno, o menor dia do ano, a partir de quando a duração do dia começava a crescer, simbolizava o início da vitória da luz sobre a escuridão, da sabedoria sobre a ignorância e, principalmente, da vida sobre a morte. Os povos Persa e Hindu reverenciavam em festas as divindades de suas mitologias (Mitra) , como um símbolo do “Sol Vencedor”, marcada pelo solstício de inverno.
A cultura do Império Romano incorporou a comemoração dessas divindades através da festividade que se tornou conhecida, por razões óbvias, como a comemoração do “Sol Invictus”. Porém, com o enfraquecimento do paganismo, a data em que se comemoravam as festas do “Sol Vencedor” passou a se referenciar ao Natal – nascimento de Jesus – numa apropriação destinada a incorporar e unificar as festividades de inúmeras comunidades recém-convertidas ao cristianismo.
Conforme já dissemos, o solstício de inverno – dia em que o sol está mais longe daquele ponto da terra, no polo Norte é em torno de 21 de dezembro, porém, havia um povo ancestral nórdico – os Vikings – que habitavam a região da Península da Escandinávia na parte mais ao norte do hemisfério, onde os dias e as noites duram seis meses intercalados, sendo seis meses de dia e seis meses de noite, de forma que, lá, esta data coincidia com o dia 24 de dezembro e, em suas tradições, nesse dia se iniciava a caminhada para o retorno aos meses de dia “Luz” – a Luz começava a vencer as trevas, a sabedoria à ignorância e a Vida começava a vencer a Morte.
Eles já comemoravam a data a mais de 20 (vinte) mil anos antes de Cristo, embora não com o nome de Natal mas com data coincidente e, por ter temperaturas variando de -30º C / -60º C (trinta a até sessenta graus abaixo de zero), os Vikings tinham pouquíssimo tempo para caçar, cultivar, colher e armazenar gêneros comestíveis: carnes vermelhas, peixes, nozes, castanhas, verduras, legumes, frutas etc, para os seis meses de noite, que era o inverno.
Um pouco sobre os Vikings
Eram extremamente territorialistas e beligerantes, sendo o povo que mais respeito impunha na região. Eram particularmente temidos, pois além de serem portadores de invejável estatura e compleição física e serem excelentes guerreiros, já dominavam, há mais de 22 (vinte e dois) mil anos, os conhecimentos da extração empírica de minerais do solo, além de já deterem a arte da (fundição) o que os levava a fabricarem suas próprias armas e escudos de metal, que eram consideradas umas das de melhor qualidade à época, somente encontrando algum parâmetro de comparação com as dos Mouros.
Eram também excelentes navegadores e igualmente fabricavam suas embarcações, possuindo, portanto, supremacia em termos de poder bélico. Acreditavam em vários deuses ligados às forças da natureza, como exemplo Freyja – a deusa da fertilidade e do amor – e também “Odin”, para eles, o mais representativo e significativo dos Deuses, o Deus da sabedoria, da força e da guerra, e, por fim, Thor – Deus da natureza, em particular o trovão, que era filho de Odin.
Outra crença dos Vikings era na existência das Valkirias – irmãs de Thor/ filhas de Odin – amazonas guerreiras e muito valentes, que cavalgavam ao redor de Odin durante as batalhas, protegendo-o e recolhendo os Guerreiros Vikings feridos, ou os corpos dos mortos para encaminha-los espiritualmente. As tribos também tinham, conforme usual naquela época, um líder espiritual – guru – que em seu idioma tinha a denominação de “Xamã ”. Alguns nomes para sua tradução seriam médicos-feiticeiros, magos, curandeiros ou pajés.
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Alguns dias antes de vinte e quatro de dezembro, dia do solstício em suas tribos, conforme já vimos – o dia mais frio, por estar o sol em sua posição mais longe da Terra naquela região – o Xamã de cada tribo mandava acender uma fogueira ao redor do pinheiro mais frondoso da aldeia (como devemos também saber, por ser o pinheiro uma árvore típica de regiões de frio extremo, mesmo no mais terrível inverno, ele continua viçoso e verdejante, mais vivo do que nunca), o qual era enfeitado com velas, pedras decorativas, que ficavam guardadas, aves empalhadas (também já dominavam a arte da taxidermia, facilitada pelas baixas temperaturas da região) .
Embutido nesse ritual de poder e magia, também se inseria o rito de passagem dos jovens da tribo para a idade adulta, aqueles entre os 16 a 18 anos, que ainda não houvessem sido submetidos, eram conclamados pelo Xamã e designados a, juntamente com seus melhores guerreiros, para caçar um urso branco, que era o símbolo da força dos Vikings, o qual seria sacrificado e oferecido aos deuses. Partiam então em seus trenós puxados pelas renas, com a gigantesca tarefa de caçar um dos animais mais fortes e ferozes do hemisfério norte, que é o urso Polar, com data marcada de retorno para a noite de 24 de dezembro.
Nesse ambiente, eram realizados vários rituais sagrados, durante o qual dançavam, oravam pedindo para os deuses que a luz vencesse as trevas, que a sabedoria vencesse a ignorância que a vida “sempre” vencesse a morte, etc…
Quando os guerreiros (os que retornavam) voltavam com as barbas e os cabelos cobertos de neve, totalmente brancos (cabelo e barba) e imediatamente tinham que tirar a pele do urso e se vestir com a parte dos pelos – branco – voltados para dentro – em contato com a pele – e a vermelha, pois o sangue do animal ainda estava fresco, por fora. Todos que estavam sendo subjugados ao rito de passagem deveriam participar da descarnação e remoção da pele do animal, e um a um de forma consecutiva se vestirem com a mesma, conforme descrito acima. Era o símbolo da força e do poder dos Vikigns em oferenda aos deuses e representava que aqueles meninos alcançaram agora a idade adulta, passando para outro nível na hierarquia da tribo.
Após o ritual, os Vikings faziam grande festa com muita fartura de alimentos, músicas, danças, etc e os novos adultos guerreiros eram determinados a distribuir presentes para todas as crianças da aldeia e utensílios para os mais velhos que eles, simbolizando que a partir de então, eles passavam a fazer parte do grupo que tinha a responsabilidade de zelar pela integridade, segurança, alegria, bem estar e sustento dos aldeões como um todo, passariam a caçar, fazer guarda e guerrear, se preciso fosse. Com o passar do tempo, essa festa pagã foi crescendo e dominando quase toda a Europa, nas regiões onde os Vikings estabeleciam seus domínios.
Após o surgimento dos cristãos (seguidores de Cristo), a “Igreja” – enquanto Instituição – se sentia incomodada com esta grande festa pagã e tudo fez para acabar com ela. Isso gerou muitas guerras, que duraram séculos, e todas as tentativas de por fim a essas festividades foram em vão; ao inverso, a cada ano que se passava, muito movido pelo espírito beligerante e impetuoso dos Vikings, já que a maior prova que um povo podia externar de seu domínio era justamente impor os seus costumes, por mais que a Igreja tentasse acabar com a festa, mais ela crescia.
A Verdadeira História do Dia do Natal e de Papai Noel
Dessa forma, percebendo não haver a menor chance de sucesso em acabar com a grande festa pagã, embora três séculos após o surgimento do cristianismo a Igreja ainda continuasse em suas tentativas, assumiu o Papa Líbero – ou, Libério, tido como um grande diplomata . Eleito Papa, instituiu oficialmente a festa do Natal na data de 25 de dezembro do ano de 354 D.C, onde provavelmente a adoção desse dia não se refere ao aniversário cronológico de Jesus, mas ao fato de que os primeiros cristãos desejaram que a data coincidisse com a festa pagã dos romanos, dedicada ao nascimento do ‘Sol inconquistado’, solstício de inverno, conforme já vimos. A escolha é bastante plausível, visto que no mundo romano, a ‘Saturnália’, comemorada em 17 de dezembro, era um período de alegria e de troca de presentes, além de 25 de dezembro também ser tido como o dia do nascimento do misterioso deus iraniano Mitra, o Sol da Virtude. Como pontífice tudo fez para proteger a Igreja da heresia ariana, à qual aderira o Imperador Constâncio II. Assim, as polêmicas com os arianos foram uma constante em seu Pontificado, mas sem medo de, mesmo tendo sido degredado pelo Imperador, pouco tempo depois, regressou a Roma – 358 D.C. – e combateu e expulsou o antipapa Félix II, imposto por Constâncio II. Depois de catorze anos de pontificado, faleceu em 24 de setembro do ano de 366 D.C.
A Igreja passou então a comemorar o nascimento de Jesus, no dia 25 de dezembro e renomeou esta data como “ O Dia do Natal”, instituindo a figura de Papai Noel, que acredita-se ser uma alusão a São Nicolau, porém, supõe-se que as vestes vermelhas com as extremidades brancas atribuídas ao “Bom Velhinho”, seja herdada da tradição das vestes “Viking’s” com a pele de urso com o sangue para fora e a pele branca tangendo o corpo dos novos ‘Guerreiros’ e aparecendo nas extremidades. Também a barba e os cabelos brancos, diz-se ser uma alusão às barbas e cabelos desgrenhados e enregelados dos guerreiros em seu retorno, muito embora fossem jovens, mas, adequaram-na a São Nicolau.
Doravante, Felizes Natais e Prósperos Anos Novos, e que Odin e São Nicolau nos protejam !!!
Nota
Odin ou Ódin (em nórdico antigo: Óðinn) é considerado o deus principal do clã mais importante de deuses da mitologia nórdica e nas crenças das religiões neopagãs. Também é conhecido como “Pai de Todos” e “O enviado do Senhor da Guerra”. Seu papel, como o de muitos deuses nórdicos, era complexo; era o deus da sabedoria, da guerra e, embora em menor escala, também o era da magia, da poesia, da profecia, da vitória e da caça. Era sobretudo adorado pelas classes sociais superiores.