Vem ouvir meus versos, vem,

Que a Noite, lá fora, é profunda e densa,

E eu estou sozinho

Dentro da minha individualidade absoluta,

Senta-te comigo,

Aqui dentro não tem lareira,

Mas te garanto que há mais calor que nos desertos,

Não nos desertos da minha Solidão.

Portanto vem.

Não quero saber quem tu és,

Só quero que venhas meiga,

Que venhas doce,

Cheia de doçura,

Para suavizar as minhas ânsias,

Amaciar as tensões.

Estou aqui o poeta homem comum e bom,

E nas minhas veias corre o Mar Vermelho de todas as sensações.

Deslizam pelas pontas dos meus dedos carícias impensáveis.

E o meu coração tem loucuras incontidas na espera eterna

De um amor infinito e triste como eu.

Que sejas cheias de amarguras como eu,

Desprotegida e incontrolável como eu,

Mas te asseguro que terás momentos de inesquecíveis delírios.

Está posta a mesa e erguido o mastro da bandeira da minha Pátria íntima.

Hoje estou rebelde e quero desafiar toda hipocrisia.

Que venham batalhões e nos prendam e nos torturem

Mas não tirarão de nós esta loucura.

Primeiro, nos amaremos com tamanha densidade e freneticamente,

Depois ouvirás meus versos cheios de desencanto e tristeza,

E teremos tanta pena um do outro,

Que só nos restará dormir, dormir profundamente,

Irresponsavelmente,

Porque tudo neste mundo é isso mesmo: ânsias e vazios.

Danilo P. Araújo