Quando cheguei a Juiz de Fora, em 1960, vindo de Bicas com minha família, não me passava pela cabeça que, um dia poderia estar comemorando 60 anos atrás de um balcão e no espaço comercial mais nobre da cidade. E, muito menos, que seria, fora de minha terra natal, uma pessoa tão conhecida e reconhecida e com uma verdadeira legião de amigos.
Ao longo desse tempo, passei pelo monóculo, pelo preto e branco, pelos slides, pelos filmes de rolo, pelas mais diferentes máquinas até chegar à avançada tecnologia digital de hoje. Conheci, de perto, as dificuldades do negócio que abracei, mas, venci, graças à minha força de vontade e ao apoio dos amigos que conquistei, alguns deles, gerentes de bancos. Por que não? Hoje, mais do que José Carlos Passos, sou o Zé Kodak, simplesmente.
Minha loja virou referência para a localização até mesmo dos outros estabelecimentos da galeria, que tem a denominação oficial de Galeria Shopping Solar. Mas além das fotos, uma outra paixão tomou conta de mim: o carnaval. Penso nele desde o 1° de janeiro e logo depois da quarta-feira de cinzas. A serpentina e o confete me acompanham o tempo todo. Se me perguntarem como divido meu tempo, não sei responder. Foto e carnaval fazem parte do meu dia a dia. Com a fotografia, repito, fiz inúmeros amigos; com o carnaval outros tantos. Afinal, são também 60 anos desfilando no bloco Domésticas de Luxo e 48 anos na Banda Daki, que me deu a patente de “general” e, mais recente, a promoção a “marechal”.
O desfile de 2020, pra mim, ainda não acabou e o de 2021 já começou. É algo mesmo inexplicável. Difícil de entender até para meus amigos mais próximos. Mas foi assim que os conquistei. E isto me basta.
(José Carlos Passos, o Zé Kodak, é empresário, carnavalesco e leitor convidado)
Fonte : Tribuna de Minas / Coluna Cesar Romero